Relatório Draghi deixa alertas, rumos e mostra que a falta de união na Europa está a tornar-se novamente evidente.
Muitos cidadãos dos EUA invejam os europeus, em determinados aspectos: infraestruturas, serviços de saúde, preços do ensino superior, Justiça…
Mas os mercados europeus não estarão propriamente a ser um motivo de inveja para os norte-americanos.
Nesta semana foi publicado um relatório de Mario Draghi, sobre a competitividade da União Europeia, sobretudo comparado com China ou precisamente EUA.
Esse documento identifica com precisão os problemas europeus e, ao mesmo tempo, agrava esses problemas. A falta de união na Europa está a tornar-se novamente evidente, lê-se no Handelsblatt, que não esconde: a Europa está a passar por uma notória debilidade do mercado de capitais.
Desde logo, o ex-primeiro-ministro de Itália apela a uma “mudança radical” na Europa, nas instituições, porque está a assistir a um “declínio lento e agonizante”.
Draghi estima que seja preciso um considerável investimento adicional da União Europeia: 800.000 milhões de euros por ano; ou seja, mais de 4% do Produto Interno Bruto da União Europeia.
A Europa precisa de crescer mais, essa necessidade aumentou. Se não o conseguir, vai “ter de abdicar de ambições”.
O “desafio existencial” passa pela Europa ser mais produtiva, mas sem esquecer equidade e inclusão social.
Voltando às comparações com os EUA, o antigo presidente do Banco Central Europeu considera que nos últimos anos tem aumentado o “fosso considerável e persistente entre o investimento produtivo privado”.
Além disso, o défice de investimento privado nas duas economias “não foi compensado por um maior investimento público, que também diminuiu após a crise financeira global (começou em 2007) e tem sido persistentemente mais baixo na União Europeia do que nos EUA em percentagem do PIB”.
O relatório de Mario Draghi deixa centenas de propostas, mas resumidas em três prioridades: deixar de estar atrás de EUA e China na inovação, especialmente em tecnologias avançadas; baixas os preços da energia; e reagir à maior instabilidade geopolítica global.