Biden anuncia… que vai voltar à campanha

Michael Reynolds/EPA

Joe Biden

Presidente infetado pelo coronavírus está melhor e “ansioso” por voltar. 31 democratas do Congresso pedem a sua desistência.

Quando foi publicado um comunicado de Joe Biden, nesta sexta-feira, muitos terão pensado que seria o anúncio da sua desistência da candidatura a novo mandato como presidente dos EUA. Afinal, não.

Biden anunciou que retomará a sua campanha eleitoral na próxima semana, após tratamento a covid-19.

“Estou ansioso para voltar à campanha na próxima semana”, disse, em comunicado, Joe Biden, que tem estado retirado no seu estado do Delaware depois de ter contraído a covid-19 esta semana.

A campanha de Biden fez o anúncio do seu regresso ao terreno num comunicado no qual atacou a “visão sombria” que o ex-presidente Donald Trump delineou para o país no seu discurso de aceitação da nomeação republicana, na noite passada, na convenção do partido em Milwaukee.

“Juntos, como partido e como país, podemos e iremos derrotá-lo nas urnas”, defendeu Biden.

“Os riscos são altos e a escolha é clara. Juntos, venceremos”, acrescentou.

Este anúncio surge num momento em que 31 legisladores democratas pedem que desista da corrida à Casa Branca. A pressão redobrou, com mais seis membros democratas do Congresso a pedirem publicamente ao Presidente para que “passe o testemunho” a alguém mais jovem.

Com estes seis democratas, o número de membros do Congresso que pedem a retirada de Biden sobe para 31, quase 12% dos membros da câmara baixa e do Senado que compõem a bancada democrata.

Dos 31 que lideram a revolta, 28 são congressistas e três são senadores.

O primeiro a pedir a retirada de Biden, ao longo desta sexta-feira, foi Sean Casten, do Illinois, que numa coluna de opinião no Chicago Tribune intitulada “É hora de passar o testemunho”, afirmou que, embora lhe “parta o coração dizê-lo (. . .), o Presidente não está mais à altura do cargo”.

Pouco depois, numa declaração conjunta, quatro outros democratas instaram Biden a igualmente “passar o testemunho a uma nova geração de líderes democratas”.

Embora expressem a sua “grande admiração” por Biden, admitem que há a preocupação entre o público sobre a “idade e aptidão” do chefe de Estado de 81 anos para governar o país por mais quatro anos e derrotar Trump em novembro.

“Acreditamos que a coisa mais responsável e patriótica que ele pode fazer neste momento é retirar-se como nosso candidato enquanto continua a liderar o nosso partido a partir da Casa Branca”, afirmam no comunicado.

Entre os legisladores que assinam a declaração está o afro-americano Marc Veasey, representante do Texas e o primeiro membro do grupo de eleitos afro-americanos no Congresso a virar as costas a Biden, o que abriu uma brecha naquele que tem sido o bloco de apoio mais forte do Presidente em Washington.

Também assinam a carta o hispânico Jesús ‘Chuy’ García, membro do grupo de hispânicos no Congresso, além de Marc Pocan, de Wisconsin, e Jared Huffman, da Califórnia, aliado da influente Nancy Pelosi, ex-presidente da Câmara dos Representantes.

Posteriormente, o senador Martin Heinrich, do Novo México, instou Biden a “passar o testemunho” para permitir que o partido se una em torno de um candidato capaz de derrotar Trump, tornando-se no terceiro membro do Senado a pedir a retirada do Presidente.

“Este momento na história da nossa nação exige uma visão que vai além de qualquer indivíduo. O regresso de Donald Trump à Casa Branca representa um perigo existencial para a nossa democracia. Devemos derrotá-lo em novembro e precisamos de um candidato que possa fazê-lo”, defendeu Heinrich.

Também Michael Moritz, um dos principais financiadores do Partido Democrata e da campanha de Joe Biden, quer a saída do presidente: “Infelizmente, o Presidente Biden tem uma escola — vaidade ou virtude. Ele pode condenar o país a tempos sombrios e cruéis ou acatar a voz do Pai Tempo. O relógio está a esgotar-se”, lê-se no New York Times. Moritz suspendeu o financiamento à campanha; enquanto Biden for o candidato democrata, não há dinheiro.

Melhor

Joe Biden “melhorou significativamente” dos sintomas de covid-19, face às últimas 24 horas, mas continuará a fazer tratamento, indicou o médico da Casa Branca.

O Presidente continua a tossir e a ter a voz rouca, mas estes sintomas “melhoraram significativamente em comparação com ontem [quinta-feira]”, disse Kevin O’Connor num relatório divulgado pela Casa Branca.

“O seu pulso, tensão arterial, frequência respiratória e temperatura permanecem absolutamente normais”, diz o relatório.

Além disso, os seus pulmões permanecem limpos e foram realizados exames de sangue que deram resultados normais, descartando qualquer tipo de anemia ou evidência de infeção bacteriana.

O Presidente está em isolamento desde quarta-feira à noite na sua residência em Delaware.

ZAP // Lusa

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