“Usaram a covid para fazer batota”. Apelo de Trump à união foi sol de pouca dura

Apesar de ter prometido um tom mais conciliatório no seu discurso na convenção Republicana, Trump não se conteve e voltou aos ataques aos Democratas e a Biden.

O ex-presidente Donald Trump defendeu que a “discórdia e a divisão” na sociedade norte-americana “devem ser curadas“, ao aceitar formalmente a nomeação como candidato presidencial Partido Republicano.

No primeiro e único discurso que proferiu, na quinta-feira, na Convenção Nacional Republicana, em Milwaukee, Donald Trump delineou a visão para o país e descreveu aquilo que viveu no sábado passado, quando foi alvo de uma tentativa de assassínio.

“Estou diante de vós esta noite com uma mensagem de confiança, força e esperança. Daqui a quatro meses, teremos uma vitória incrível e começaremos os quatro maiores anos da história do nosso país”, disse.

“Juntos, lançaremos uma nova era de segurança, prosperidade e liberdade para cidadãos de todas as raças, religiões, cores e credos. A discórdia e a divisão na nossa sociedade devem ser curadas. Como americanos, estamos unidos por um único destino e um destino partilhado. Nós erguemo-nos juntos ou caímos“, acrescentou.

O magnata garantiu estar a concorrer para ser “Presidente de toda a América, não de metade da América, porque não há vitória em vencer para metade da América”.

“Então, esta noite, com fé e devoção, aceito com orgulho a nomeação para Presidente dos Estados Unidos”, confirmou o antigo chefe de Estado.

O ex-presidente expressou ainda gratidão por todas as demonstrações de apoio que recebeu após a tentativa de assassínio de que foi alvo num comício, no sábado, na Pensilvânia.

Trump dirigiu-se aos milhares de apoiantes que o receberam como um herói na Convenção Nacional Republicana, em Milwaukee, para descrever o que sentiu no ataque de sábado, mas sublinhou que nunca mais contará esta história por ser “muito dolorosa”.

“Ouvi um som alto de zumbido e senti algo a atingir-me, muito, muito forte, na minha orelha direita. Eu disse a mim mesmo: ‘Uau, o que foi isso? Só pode ser uma bala‘”, contou, perante uma multidão que ficou silêncio para o ouvir.

“Havia sangue a jorrar por todo o lado mas, de certa forma, eu senti-me muito seguro porque tinha Deus do meu lado“, afirmou o magnata.

Várias pessoas choravam ao ouvir o relato do ex-presidente, que ficou ferido numa orelha após ser alvejado por um jovem de 20 anos, abatido pelas forças de segurança norte-americanas.

Não era suposto eu estar aqui esta noite”, refletiu, com os apoiantes a gritarem: “Sim, está!”.

Trump pediu à plateia que fizesse um momento de silêncio para Corey Comperatore, o antigo bombeiro voluntário que assistia ao comício do ex-presidente e que acabou por morrer depois de ser baleado pelo atirador.

Trump volta ao ataque

Depois de ter indicado que tinha mudado o seu discurso após o atentado para ter um tom mais unificatório, este gesto diplomático de Trump foi sol de pouca dura, com o ex-Presidente a partir para o ataque quando começou a improvisar.

“O partido Democrata deveria parar imediatamente de usar o sistema de justiça como arma e de rotular os seus adversários políticos como inimigos da democracia, especialmente porque isso não é verdade. Se os Democratas querem unificar o nosso país, deveriam abandonar esta caça às bruxas partidária”, comentou, em relação aos processos que enfrenta devido à sua tentativa de reverter a eleição de 2020.

Trump voltou ainda a acusar os Democratas de usar a pandemia para “fazer batota” na eleição e garante que “nunca mais deixaremos que isso aconteça”. Nancy Pelosi também levou por tabela, com o ex-Presidente a voltar a chamar-lhe “louca”.

“Sou eu quem está a salvar a democracia para o povo do nosso país. Se pegarem nos 10 piores presidentes da história dos Estados Unidos, pense nisso. Os 10 piores. Somados, não terão causado os danos que Biden causou”, acusou.

Houve ainda tempo para referir algumas das bandeiras da sua campanha, como promessas de combate ao crime e da “maior operação de deportação na história do nosso país”.

Num momento caricato, Trump começou a inspirar-se em Hannibal Lecter, o serial killer canibal do filme O Silêncio dos Inocentes. “Alguém aqui viu o Silêncio dos Inocentes, o falecido grande Hannibal Lecter, ele adoraria comer-vos todos num jantar”, afirmou.

O discurso terminou com o seu famoso slogan: “Ninguém nos vai parar. Simplesmente, vamos rapidamente fazer a América grande outra vez”.

Adriana Peixoto, ZAP // Lusa

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