Inês de Sousa Real mentiu; Parlamento dos Jovens acabou em tensão entre adultos

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Manuel de Almeida / LUSA

A deputada do PAN, Inês Sousa Real, na Assembleia da República

Momento “quente” entre Sousa Real e Rita Matias, mesmo a terminar a sessão. Em causa estaria o caso de Pedro Alves.

A Assembleia da República voltou a estar cheia de deputados mais pequenos do que o habitual: crianças ou adolescentes que participam no Parlamento dos Jovens.

As sessões decorreram na semana passada, nos dias 6 e 7 de Maio – neste último dia, além dos representantes de cada círculo eleitoral, também estiveram deputados (os adultos) de todos os partidos que estão no Parlamento neste mandato.

Duas delas eram Rita Matias (Chega) e Inês de Sousa Real (PAN), que protagonizaram um momento de tensão evidente, mesmo nos últimos segundos da sessão.

A deputada do PAN ouviu perguntas do porta-voz do círculo de Braga (sobre a entrada dos jovens no mercado de trabalho) e da porta-voz do círculo de Leiria (sobre o crescimento e os princípios de partidos de extrema-direita) – “acho que sabemos a quem me refiro”, ironizou a jovem Maria Inês Bernardo.

Inês de Sousa Real acabou por ligar os dois assuntos. Disse que é fundamental travar políticas que “deixam os jovens para trás”, focou-se nos estágios profissionais que devem ser todos remunerados, e em combater a “escravatura moderna”.

Saltando para o segundo assunto: “Portugal tem sido um país de braços abertos, de pluralidade, acolhedor”, começou.

E depois atirou para o seu lado direito: “Tem havido o crescimento de forças políticas anti-direitos humanos, anti-democráticas. Devemos chamar as coisas pelos nomes“.

“Quando dizem que são anti-sistema, eles estão dentro do sistema! Dizem que querem combater a corrupção mas não explicam que financiamento têm. Criticam a violência doméstica e aceitam ter deputados que foram condenados por violência doméstica. Isto é hipocrisia e um retrocesso…” – aqui foi interrompida por aplausos dos pequenos deputados, que salientavam a parte do discurso sobre violência doméstica.

A deputada do PAN seria a última a falar. Mas não foi.

Já depois de a pequena presidente da Mesa ter terminado a sessão, e após uma visível agitação na Mesa, Rita Matias ligou o microfone – depois de uns “recados” para Inês de Sousa Real com microfone desligado.

A deputada do Chega pediu uma intervenção sobre a condução dos trabalhos para defender a honra: “Temos que ser consequentes com o que dizemos. Gostava de dizer, não em nome dos 50 deputados da bancada parlamentar que faço parte, mas em nome dos 230 deputados da Assembleia da República, e sobretudo em nome da verdade, que entre os 230 deputados não existe um deputado ou deputada condenado, ou com alegação, de violência doméstica. A honra e o carácter não podem ser atentados desta forma” – e novos aplausos, enquanto desligou de forma abrupta o microfone.

No final, as duas deputadas nem se cumprimentaram.

Falavam de quem?

Aparentemente, de Pedro Alves. O presidente da distrital do Chega em Aveiro foi realmente condenado por violência doméstica.

A sentença foi anunciada há quatro anos: 18 meses de pena suspensa, 600 euros de indemnização e integrou um programa especial para condenados por violência doméstica.

O Chega aprovou uma moção para excluir condenados por violência doméstica do partido – mas tem Pedro Alves na liderança de uma distrital.

No entanto, não está na Assembleia da República, não é deputado. Os três deputados do Chega eleitos por Aveiro são: Jorge Rodrigues, Maria Aguiar e Armando Grave.

Rita Matias tem razão, Inês de Sousa Real mentiu: que se saiba, não há qualquer deputado condenado por violência doméstica.

Nuno Teixeira da Silva, ZAP //

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