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Estrangeiros interessados em abrir negócio no jazigo de António Nobre

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Jazigos no  Cemitério do Prado do Repouso, no Porto

Jazigos no Cemitério do Prado do Repouso, no Porto

Um jazigo que pertenceu ao poeta António Nobre à venda num site de imobiliário para estrangeiros atraiu interessados numa segunda habitação em Portugal ou em abrir um negócio dentro do cemitério, afirmou a agente.

“Já me telefonaram pessoas de vários países a perguntar se podiam ali abrir uma casa de chá ou de gelados“, revelou à Lusa a proprietária da agência Russell & Decoz Lda, Julie Russell.

Porém, salientou, apesar de estar anunciado no site britânico Rightmove como uma “propriedade distinta com um quarto“, o jazigo 1079 do Cemitério do Prado do Repouso, no Porto, não pode ter outro uso senão aquele para o qual foi destinado.

À venda por 47.500 euros, é descrito como “o destino supremo para família e amigos“, oferecendo acomodação para 12 pessoas “dormirem” numa “localização pacífica no centro do Porto” e que tem como vantagens baixos custos de manutenção e ser oferecido desocupado.

Na realidade, a construção em pedra resume-se a 2,8 metros de comprimento e largura com três prateleiras de cada lado que podem acolher seis caixões e mais uma câmara subterrânea com espaço para mais seis caixões.

Julie Russell, expatriada britânica cuja agência imobiliária está baseada em Moncarapacho, no Algarve, desde 1992, garante que o anúncio “é genuíno” e explica que o colocou por amizade ao proprietário, que reside localmente e que herdou o jazigo.

Porém, embora exista um mercado para a compra de jazigos em cemitérios portugueses, cujo preço pode ir até aos 65.000 euros, o túmulo que acolheu o famoso autor de “Só” não recebeu nenhuma proposta de compra séria durante os cerca de 10 anos em que está à venda.

Mesmo assim, a agente admite que o anúncio tem tido como consequência atrair potenciais clientes para outras propriedades, sobretudo aposentados britânicos, escandinavos e americanos interessados em residências para se instalarem no sul de Portugal.

O jazigo foi construído em 1907 pelo biólogo, académico e político Augusto Nobre, para acolher os restos mortais do irmão António Nobre, mas o corpo do poeta morto em 1900, e de outros membros da família, foi posteriormente transferido em 1946 para o cemitério de Leça da Palmeira, localidade onde tinha crescido.

/Lusa

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