Uma nova análise descobriu que o medicamento molnupiravir, contra a covid, é eficaz para impedir o crescimento e a propagação do vírus SARS-CoV-2, mas, por outro lado, pode introduzir mutações que podem ser transmitidas. Em todo o caso não, para já, há motivos para alarmismos.
O medicamento para a covid molnupiravir poderá estar a impulsionar mutações no vírus SARS-CoV-2.
Embora o medicamento tenha mostrado eficácia no tratamento da doença, o molnupiravir poderá estar a formar e a propagar padrões distintos de mutação.
São conclusões de uma análise, liderada por Theo Sanderson do Instituto Francis Crick em Londres, que analisou 15 milhões de vírus sequenciados a nível global e identificou cerca de 900 com padrões de mutação distintos, com alta probabilidade de serem resultantes do tratamento da doença com o referido medicamento.
O estudo, publicado esta segunda-feira na revista Nature, revelou que, em alguns casos, esses vírus mutados ter-se-ão espalhado para outras pessoas, embora não tenham sido identificadas novas variantes preocupantes com estes padrões.
O molnupiravir, aprovado no final de 2021, funciona através da indução de uma elevada taxa de mutações em vírus RNA, incluindo o SARS-CoV-2, fazendo efetivamente com que percam a capacidade de replicação.
Embora o fármaco tenha sido aprovado para o tratamento da covid em países como o Reino Unido e os EUA, há preocupações de que ele possa facilitar a criação de novas variantes potencialmente perigosas.
E, precisamente, foi em países que começaram a usar molnupiravir que os cientistas observaram esse aumento inusitado de mutações diferentes.
No Reino Unido, por exemplo, 31% das variantes com padrões únicos vieram de pessoas tratadas com o medicamento.
Estudos em animais também sugerem que o molnupiravir pode causar mutações no DNA, razão pela qual não é recomendado para grávidas ou para mulheres que estão a tentar engravidar.
A Merck, empresa farmacêutica que fabrica o molnupiravir, já veio contestar as conclusões do estudo.
“Os autores assumiram que as mutações estavam associadas à propagação viral de pacientes tratados com molnupiravir, sem evidências documentadas da transmissão. Além disso, estas sequências eram incomuns e estavam associadas a casos esporádicos”, criticou um porta-voz da empresa, citado pela New Scientist.
A Administração de Alimentos e Medicamentos dos EUA também defendeu que o risco de tratamentos impulsionarem a evolução de novas variantes não se limita ao molnupiravir, uma vez que medicamentos convencionais e anticorpos também exercem pressão evolutiva sobre os vírus.
Coronavírus / Covid-19
-
20 Outubro, 2024 Descobertas mais provas de que a COVID longa é uma lesão cerebral
-
6 Outubro, 2024 A COVID-19 pode proteger-nos… da gripe
Alarmismo para quê mesmo? Deixem morrer, afinal as mortes sempre fizeram parte dos efeitos colaterais das farmacêuticas. E das guerras.