Novamente “chateado”? Lula e Zelensky vão encontrar-se

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André Borges/EPA

Lula da Silva

Presidentes de Brasil e Ucrânia com reunião marcada para quarta-feira, nos EUA. O clima entre os dois países não tem sido pacífico.

O presidente brasileiro, Lula da Silva, e o seu homólogo ucraniano, Volodymyr Zelensky, têm prevista uma reunião bilateral na quarta-feira em Nova Iorque, confirmou à Lusa fonte da presidência do Brasil.

Numa informação avançada anteriormente pela imprensa brasileira, e agora confirmada à Lusa, os dois presidentes deverão encontrar-se por volta das 16:00 no hotel onde o presidente brasileiro está hospedado durante a sua estadia na cidade norte-americana para participar da 78.ª sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas.

O encontro entre Lula da Silva e Volodymyr Zelensky deverá acontecer depois da reunião que o líder brasileiro terá com o presidente norte-americano, Joe Biden.

Esta será a primeira vez que Lula da Sila e Volodymyr Zelensky terão um encontro bilateral, depois de, em maio, à margem da cimeira do G7, o encontro ter acabado por não acontecer, com Volodymyr Zelensky a referir que “não houve diligências” por parte de Lula da Silva.

Por outro lado, o chefe de Estado brasileiro afirmou ter ficado chateado após a delegação ucraniana adiar o encontro até finalmente não aparecer.

Apesar de condenar a invasão da Rússia na Ucrânia, iniciada em 24 de fevereiro do ano passado, o presidente brasileiro já tinha, em abril, admitido a cedência da Crimeia, ilegalmente anexada por Moscovo em 2014, como uma saída para o conflito e, na cimeira dos BRICS, voltou a pedir uma paz negociada e o abandono de uma “mentalidade obsoleta da Guerra Fria”.

A reunião agora confirmada entre os chefes de Estado do Brasil e da Ucrânia acontece numa altura de relação conturbada entre os dois países, devido a declarações que Lula da Silva tem proferido em relação à guerra entre a Rússia e a Ucrânia, a última das quais ao afirmar que não prenderia o presidente russo, Vladimir Putin, ao abrigo de uma decisão do Tribunal Penal Internacional, caso este viesse ao Brasil.

O presidente brasileiro voltou atrás nas declarações dizendo que tal decisão caberia à justiça brasileira, mas insistiu que o país deveria rever a sua presença no Tribunal Penal Internacional.

Putin é alvo de um mandado de captura do Tribunal Penal Internacional emitido em março, por suspeita de crimes de guerra pela deportação de crianças ucranianas.

“Quero muito estudar essa questão deste Tribunal Penal, porque os Estados Unidos não são signatários dele, a Rússia não é signatária dele. Então, eu quero saber por que o Brasil é signatário de um tribunal que os EUA não aceitam. Por que somos inferiores e temos de aceitar uma coisa?”, afirmou Lula da Silva, na Índia, durante a sua participação na Cimeira do G20, na semana passada.

Dias antes, o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, lembrara o homólogo brasileiro que os ucranianos são vítimas da invasão russa e que “a guerra não é no Brasil”, afastando concessões territoriais e pedindo respeito pelos Estados independentes.

“A guerra é em concreto na Ucrânia, as vítimas são concretamente os ucranianos. Não são os brasileiros, ou outros europeus, nem americanos. São concretamente dezenas de milhares de pessoas, centenas de milhares, que morreram ou ficaram feridas, são as nossas casas que foram atacadas ou bombardeadas, não as casas do Brasil ou de outros países”, afirmou Zelensky em entrevista à RTP.

// Lusa

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