Zelenskyy para Lula: a guerra não é no Brasil

3

Sergey Dolzhenko/EPA

Volodymyr Zelenskyy

Presidente da Ucrânia não aceita concessões territoriais: “As nossas casas foram bombardeadas, não foram as casas do Brasil ou de outros países”.

O Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelenskyy, lembrou esta terça-feira o homólogo brasileiro, Lula da Silva, que os ucranianos são vítimas da invasão russa e que “a guerra não é no Brasil”, afastando concessões territoriais e pedindo respeito pelos Estados independentes.

“A guerra é em concreto na Ucrânia, as vítimas são concretamente os ucranianos. Não são os brasileiros, ou outros europeus, nem americanos. São concretamente dezenas de milhares de pessoas, centenas de milhares, que morreram ou ficaram feridas, são as nossas casas que foram atacadas ou bombardeadas, não as casas do Brasil ou de outros países”, afirmou Zelensky numa passagem de uma entrevista à RTP.

Quando instado a comentar declarações de Lula na Silva na semana passada na Cimeira dos BRICS que “o Brasil não contempla fórmulas unilaterais para paz”, o líder ucraniano afirmou que “para se dizer alguma coisa, é preciso perceber quem é a vítima e quem é o agressor”, acrescentando: “Não é uma forma unilateral, é uma fórmula do país que sofre com tudo isso, que sofre com a guerra e no território no qual a guerra se desenvolve. Ponto”.

Apesar de condenar a invasão da Rússia na Ucrânia, iniciada em 24 de fevereiro do ano passado, o Presidente brasileiro já tinha em abril admitido a cedência da Crimeia, ilegalmente anexada por Moscovo em 2014, como uma saída para o conflito e, na cimeira dos BRICS, voltou a pedir uma paz negociada e o abandono de uma “mentalidade obsoleta da Guerra Fria”.

Em reação, Zelenskyy declarou que a Ucrânia é um país democrático e pretende envolver “o maior número de países possível” para a fórmula de paz de Kiev, que exige a retirada das forças russas da Ucrânia e rejeita qualquer concessão territorial. No entanto, disse estar aberto a propostas.

“Mas se as essas propostas se baseiam de alguma forma em cedência de alguma parte do nosso território, então isso não é coerente, primeiro com os nossos pensamentos, e, em segundo, certamente não é compatível com a nossa integridade territorial e soberania”, disse o líder ucraniano, insistindo que “as pessoas devem respeitar os territórios dos Estados independentes”.

O líder ucraniano só vê o fim da guerra como um cenário quando “os russos começarem a respeitar o nosso direito, o direito de viver na nossa terra, e as forças russas saírem na integra do nosso território”.

“Temos uma posição muito definida e esta posição consta da nossa fórmula de paz, que tem dez parágrafos. O fim da guerra está previsto após o cumprimento de todos os parágrafos totalmente honestos, justos, que se baseiam na resolução da ONU”, continuou.

Marcelo Rebelo de Sousa fez uma curta intervenção em ucraniano, numa visita à Ucrânia, e mereceu elogios do presidente da Ucrânia: “Gostei, Apesar de algum sotaque, denotou respeito pela Ucrânia. Marcelo Rebelo de Sousa é uma pessoa com muito carisma, que sente a voz do seu povo e também do povo ucraniano”.

“Estamos em uníssono, tal como dizem os músicos”, acrescentou Zelenskyy, que disse que Portugal “é muito importante para a Ucrânia” e poderá ser “ponta de lança” dos interesses ucranianos em África e na América Latina.

Assim, Zelensky garantiu vai visitar Portugal, “obrigatoriamente”.

ZAP // Lusa

3 Comments

  1. «…Marcelo Rebelo de Sousa é uma pessoa com muito carisma, que sente a voz do seu povo…» – Os Portugueses não reconhecem carisma nem apoiam o Sr.º Presidente da República, Marcelo Sousa, que foi votado por uma minoria (2.534.745 votos).

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.