O aumento das saídas voluntárias dos trabalhadores, que está em valores superiores ao pré-pandemia, está a causar dificuldades às empresas.
Em Portugal, as empresas estão a enfrentar um desafio duplo: a dificuldade em contratar perfis qualificados e a dificuldade em retê-los. De acordo com uma pesquisa da consultora Mercer, 52% das empresas inquiridas estão a enfrentar dificuldades em reter os trabalhadores, num momento em que as saídas voluntárias dos funcionários estão a atingir níveis superiores aos pré-pandemia.
Nos últimos anos, houve uma diminuição nas saídas voluntárias, mas em 2023 a situação mudou. O estudo da Mercer revela que as saídas atingiram 10,6%, superando os valores pré-pandemia, explica o Expresso.
A Mercer analisou cerca de 170 mil postos de trabalho em 570 empresas em Portugal. Embora apenas 1% das empresas planeie reduzir o número de trabalhadores, só 27% planeia aumentar o seu quadro de pessoal no próximo ano. As empresas mostram cautela no planeamento para 2024, refletindo a incerteza económica.
Em relação aos salários, embora haja aumentos previstos para 2023/2024, estes rondam uma média de 4,2%, abaixo da inflação e do limiar de 5,1% estabelecido no acordo de rendimentos do Governo com as confederações patronais e a UGT. Isso torna a recuperação do poder de compra dos trabalhadores mais difícil.
Além disso, a Mercer alerta que um aumento na percentagem de empresas que planeiam congelar salários em 2024, de 7%, é motivo de preocupação, comparado com 0% no ano anterior.
O estudo também revela que a esmagadora maioria das empresas em Portugal (87%) oferece formas de remuneração variável aos seus trabalhadores. O plano médico ou seguro de saúde é o benefício mais comum oferecido pelas empresas (93%), seguido pelo subsídio de refeição (90%).
No entanto, 19% das empresas já oferecem um plano de benefícios flexível aos seus trabalhadores, ajustado às suas necessidades individuais, uma tendência em crescimento.