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Mais de 200 decisões do seu dia são sobre… comer

20% dos portugueses não cozinha: é a conclusão de um estudo que revelou também que as mulheres cozinham três vezes mais do que os homens.

Mais de duas centenas de decisões do nosso quotidiano têm a ver com atos de comer e beber.

É o que revela o estudo “Como comemos o que comemos: Um retrato do consumo de refeições em Portugal”, publicado pela Fundação Francisco Manuel dos Santos, esta sexta-feira.

“Estima-se que tomamos mais de duas centenas de decisões por dia relacionadas com os atos de comer ou beber, muitas das quais são inconscientes ou automáticas e, portanto, largamente determinadas pelo hábito e o ambiente que nos rodeia”, pode ler-se no documento do estudo, coordenado por Ana Isabel Costa, da faculdade de Economia e Gestão da Universidade Católica.

Os investigadores notaram que os comportamentos de consumo alimentar desempenham funções sociais, culturais e económicas “absolutamente determinantes do estado e desenvolvimento das pessoas e das comunidades”.

A socialização e o entretenimento proporcionados pelo consumo alimentar não-doméstico são fatores valorizados pelos jovens no momento da refeição, que tendem a desvalorizar os benefícios práticos de confecionar e consumir refeições em casa – um quarto dos jovens adultos passa pouco tempo ou nenhum a cozinhar.

Dois terços das refeições consumidas pelos cidadãos residentes em Portugal são de confeção não-doméstica, mesmo quando sejam consumidas em casa.

É ao pequeno-almoço e ao lanche que se ingerem mais alimentos não preparados em casa (90%).

As famílias com rendimentos mais elevados gastam o dobro em alimentação e encomendam comida para casa oito vezes mais do que os agregados com menores rendimentos.

O jantar fora de casa acontece apenas 13% das vezes e nestas ocasiões é mais frequente ocorrer em casa de amigos e familiares (6%) do que em restaurantes (4%).

Mulheres saem prejudicadas

A equipa de investigadores destacou que duas em cada 10 pessoas nunca cozinham, metade dos portugueses dedica pelo menos uma hora a cozinhar, enquanto 27% cozinha, mas passa menos de uma hora por dia a fazê-lo.

“Entre as mulheres, três em cada quatro passam pelo menos uma hora por dia a cozinhar, o que dá “uma percentagem três vezes superior à realidade masculina“, lê-se no documento.

Somado o tempo dedicado a cuidar da família e outras tarefas domésticas, as mulheres exercem por mês “mais de dois dias de trabalho não remunerado do que os homens”.

Quase metade do tempo de lazer diário da população portuguesa é dedicado a comer – duas horas -, sendo em casa a grande maioria das refeições (72%).

O almoço é a refeição que mais acontece fora de casa (42% das vezes). A maior parte dos almoços fora de casa é feita no local de trabalho ou ensino (21%).

O estudo concluiu igualmente que uma alimentação baseada em produtos que não são confecionados em casa está associada a um menor nível de atividade física.

“Além disso afasta os portugueses de uma dieta mediterrânica, que é considerada mais saudável”, sublinharam os autores do trabalho.

A análise sobre o consumo alimentar foi feita com base em dados estatísticos já existentes e informação recolhida pelos autores num inquérito realizado em 2021.

ZAP // Lusa

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