O Presidente russo, Vladimir Putin, assinou hoje um decreto obrigando membros de organizações paramilitares a prestar juramento à Rússia, tal como sucede com soldados do Exército regular, dois dias após a presumível morte do líder do grupo Wagner.
Nos termos do decreto publicado na página eletrónica do Governo, os elementos de grupos paramilitares devem jurar “fidelidade” e “lealdade” à Rússia e “seguir rigorosamente as ordens dos seus comandantes e superiores”.
O texto foi assinado hoje, dois meses depois do motim do grupo Wagner, sob as ordens de Yevgeny Prigozhin, presumivelmente morto na quarta-feira na queda de um avião, e que nessa altura exigia a demissão da liderança da hierarquia militar russa.
Os mercenários têm também que se comprometer a “respeitar de forma sagrada a Constituição Russa”, a “desempenhar conscientemente as tarefas que lhes foram confiadas” e a “defender corajosamente a independência e a ordem constitucional” do país.
O decreto abrange pessoas alistadas como combatentes voluntários, as que “contribuem para a execução das tarefas atribuídas às Forças Armadas russas” e outros “órgãos e formações militares”, incluindo as forças de defesa territorial formadas durante o conflito na Ucrânia.
A atividade mercenária fica proibida por lei na Rússia, mas serão toleradas as atividades de “empresas militares privadas” que oferecem oficialmente serviços relacionados com segurança, sendo que o grupo Wagner é o mais importante e mais reconhecido.
As autoridades russas disseram que Prigozhin estava na lista de passageiros do avião que se despenhou na quarta-feira, por razões desconhecidas, durante um voo entre Moscovo e São Petersburgo, onde se situa a sede do grupo Wagner.
A morte de Prigozhin continua a ser presumida, uma vez que os testes de ADN para identificar os corpos das 10 pessoas que estavam a bordo ainda não foram concluídos.
Enquanto dura a incerteza, o Kremlin luta contra rumores de que o líder do Grupo Wagner está vivo e forjou a sua morte.
Os investigadores não se pronunciaram sobre as pistas que estavam a examinar, não mencionando nem a teoria de um acidente nem a de uma bomba, de um míssil terra-ar ou de um erro de pilotagem.
A queda do avião associado ao Grupo Wagner levantou imediatamente suspeitas de um assassinato orquestrado ao mais alto nível do poder russo por Prigozhin ter protagonizado uma rebelião contra o ministro da Defesa, Serguei Shoigu, em junho.
O presidente dos EUA, Joe Biden, em declarações aos jornalistas na quarta-feira, disse acreditar que Putin estava provavelmente por trás do acidente. “Não sei de facto o que aconteceu, mas não estou surpreendido. Não há muita coisa que aconteça na Rússia que não tenha a participação de Putin”, afirmou na altura.
Putin, que considerou Prigozhin um traidor após a rebelião armada de 23 e 24 de junho, prestou homenagem na quinta-feira à noite, após 24 horas de silêncio, à memória de “um homem talentoso que cometeu alguns erros graves”.
ZAP // Lusa