Bancos da Zona Euro transferem 57% da subida dos juros para os depósitos. Mas em Portugal essa percentagem fica-se pelos 36%.
Os bancos portugueses atingiram lucros recordes ao longo do primeiro semestre deste ano.
Só os cinco maiores bancos (Caixa Geral de Depósitos, Santander, Novobanco, BPI e Millennium BCP), lucraram, juntos, cerca de 2 mil milhões de euros entre Janeiro e Junho de 2023.
Um valor que é praticamente o dobro de 2022 e que torna os bancos portugueses recordistas da Zona Euro nas margens financeiras.
Esses números inéditos estão claramente relacionados com as subidas – também inéditas – das taxas de juro Euribor.
Porque, se os bancos têm subido muito os juros dos empréstimos que cedem, não têm subido tanto os juros dos depósitos. Ou seja, recebem mais, pagam menos.
Os portugueses são mesmo dos que notam menos a subida das taxas de juro nos depósitos.
O portal Eco destaca que entre Junho de 2022 e Junho de 2023, em média os bancos da Zona Euro transferiram para os depositantes 57% da subida das taxas de juro do Banco Central Europeu (BCE).
Por cá, os bancos portugueses, ainda muito relutantes nesse contexto, entregaram apenas 36% da subida dos juros.
Ainda no mesmo período, em Junho de 2022 os juros dos depósitos eram em média 0,07% e, em Junho de 2023, passaram para 1,58%. Ou seja, subiram 1,51% – mas o BCE aumentou as taxas directoras 4,25% ao longo dessa “janela”.
Só os bancos de Grécia, Eslovénia, Países Baixos, Chipre e Croácia foram mais tímidos na Zona Euro. Só esses países subiram menos o dinheiro que transferem para os seus depositantes.
Em média, de cada vez que o BCE aumentou as taxas de referência em 0,25%, os bancos portugueses ficaram-se por uma subida de 0,09% para os depósitos das famílias e 0,15% para os depósitos das empresas.
Essa diferença tem sido cada vez mais evidente: as empresas têm beneficiado mais rapidamente das subidas dos juros, do que os particulares.
As empresas têm em média juros de depósitos de 2,65%, muito mais dos 1,58% para novos depósitos particulares.