Amostras perdidas de base secreta revelam segredo assustador sobre a Gronelândia

Investigadores descobriram que a Gronelândia não esteve coberta de gelo num passado recente.

Os cientistas chegaram a esta conclusão após recolherem amostras de gelo da ilha. No entanto, a ciência não estava na origem das escavações. O verdadeiro propósito era enterrar mísseis nucleares como parte de um programa conhecido como Projeto Iceworm.

O projeto, que culminou durante a Guerra Fria, não teve o sucesso esperado. Ainda assim, durante o tempo que durou, foi suficiente para os cientistas reunirem amostras suficientes para estudar o manto de gelo da Gronelândia.

Mas não foi só gelo que os cientistas recolheram. Eles também coletaram sedimentos que estavam por baixo do gelo. Estes etiquetados em frascos, esquecidos e empoeirados no fundo de prateleiras. Afinal de contas, os cientistas apenas estavam interessados no gelo.

Tudo mudou em 2018, quando um grupo de cientistas dinamarqueses redescobriu os sedimentos e enviou-os para o geólogo Paul Bierman, da Universidade de Vermont, nos EUA. Foi lá que o seu colega Andrew Christ encontrou algo inesperado: sinais de vida.

A descoberta dos investigadores foi feita há dois anos, mas só agora conseguiram determinar quando é que a camada de gelo da Gronelândia derreteu. Os resultados do estudo foram recentemente publicados na conceituada revista Science.

O que a sua investigação revelou foi que há apenas 416 mil anos, o manto de gelo da Gronelândia derreteu e o nível do mar subiu entre cinco e seis metros. Isto revela que o atual manto de gelo que pavimenta a ilha é bem mais sensível às alterações climáticas do que aquilo que se pensava, escreve a Insider.

“O antigo solo congelado por baixo do manto de gelo da Gronelândia avisa-nos de problemas futuros”, escreveram Bierman e a sua coautora Tammy Rittenour no site The Conversation.

O derretimento do gelo terá acontecido bem antes daquilo que os cientistas calculavam. Segundo as suas estimativas, no último milhão de anos. Há cerca de 416 mil anos, a Terra estava num período mais quente. É compreensível, visto que o nosso planeta passa por fases mais quentes e mais frias.

Ainda assim, os autores do novo estudo determinaram que os níveis de gases com efeito de estufa eram mais baixos nessa altura do que agora, como seria de esperar. No entanto, esta é uma conclusão assustadora. Se o aquecimento natural e moderado causou o derretimento do gelo, isso significa que a camada de gelo da ilha é mais sensível às mudanças de temperatura do que os cientistas pensavam inicialmente.

“Não vai acontecer amanhã. Mas vai acontecer cada vez mais depressa”, disse Bierman, referindo-se ao possível degelo da Gronelândia.

ZAP //

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