Prigozhin parou a 200 km de um banho de sangue. Em Rostov, o povo grita “Wagner”

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Arkady Budnitsky / EPA

Criança posa para uma fotografia num tanque do grupo Wagner, em Rostov, com a palavra “Siberia” escrita

Yevgeny Prigozhin, líder dos mercenários Wagner, protagonizou nas últimas horas um desafio inédito à autoridade de Vladimir Putin, mas deteve a sua “marcha” sobre Moscovo quando se encontrava a 300 km da capital russa. Em Rostov, os habitantes expressam apoio aos mercenários.

Dezenas de habitantes concentraram-se hoje à noite gritando “Wagner” em frente ao quartel-general militar de Rostov, cidade do sul da Rússia que foi esta madrugada capturada pelos mercenários de Yevgeny Prigozhin.

Segundo relatos de um jornalista da agência AFP, que está no local, a rua principal de Rostov foi o ponto de encontro de muitos habitantes “que pegaram nos seus telemóveis para gravar vídeos dos combatentes do grupo paramilitar, enquanto os aplaudiam”.

Ao fim da noite, Prigozhin abandonou Rostov, tendo saído do centro da cidade num jipe, rodeado de populares que o saudavam.

O chefe do grupo paramilitar Wagner suspendeu hoje as movimentações da rebelião na Rússia contra o comando militar, menos de 24 horas depois de ter ocupado Rostov, cidade-chave no sul do país para guerra na Ucrânia.

O Presidente da Rússia, Vladimir Putin, qualificou de rebelião a ação do grupo, afirmando tratar-se de uma “ameaça mortal” ao Estado russo e uma traição, garantindo que não vai deixar acontecer uma “guerra civil”.

Ao fim do dia, em que foi notícia o avanço de forças da Wagner até cerca de 200 quilómetros de Moscovo, Prigozhin anunciou ter negociado um acordo com o Presidente da Bielorrússia, Alexander Lukashenko.

Antes, o chefe do grupo paramilitar acusou o Exército russo de atacar acampamentos dos seus mercenários, causando “um número muito grande de vítimas”, acusações que expõem profundas tensões dentro das forças de Moscovo em relação à ofensiva na Ucrânia.

As tensões entre os mercenários e Moscovo agudizaram-se na sexta-feira, quando Prigozhin, de 62 anos, acusou o Exército russo de realizar ataques a acampamentos dos seus mercenários, causando “um número muito grande de vítimas”, acusações que foram negadas pelo Ministério da Defesa da Rússia.

O líder do grupo paramilitar desmentiu ainda Moscovo, ao dizer que as forças russas estavam a recuar perante a contraofensiva ucraniana.

Como resposta, Prigozhin convocou uma revolta contra o alto comando militar da Rússia, garantindo ter 25.000 soldados e convocando os russos a juntarem-se no que designou por “marcha pela justiça”, sem esconder que estava disposto a “ir até ao fim” nesta rebelião, embora rejeitasse a existência de um golpe militar.

Moscovo não demorou a reagir e os serviços de segurança russos (FSB) acusaram o chefe do grupo paramilitar de lançar uma guerra civil e apelaram aos mercenários para deter o seu líder.

Nesse sentido, o Ministério da Defesa russo prometeu “garantir a segurança” dos combatentes se eles se dissociassem da “aventura criminosa” encetada por Prigozhin.

As primeiras movimentações na sexta-feira à noite foram recebidas com prudência pela Ucrânia, cujo exército sublinhou estar “a observar” os desenvolvimentos do conflito entre o grupo Wagner e o alto comando militar russo.

Foi já com a tomada da cidade de Rostov e o discurso de Putin, a rotular a rebelião como uma “traição” e a prometer “defender o povo”, que o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, apontou a autodestruição russa.

“A fraqueza da Rússia é evidente. Quanto mais tempo a Rússia mantiver as suas tropas e mercenários nas nossas terras, mais caos, dor e problemas criará para si própria”, referiu Zelensky, continuando: “Quem escolhe o caminho do mal destrói-se a si próprio”.

Perante o maior desafio à sua autoridade desde o início da guerra na Ucrânia, Putin não referiu Prigozhin no seu discurso na manhã de sábado através da televisão estatal russa, mas defendeu que a revolta do grupo Wagner foi causada por “ambições desmesuradas por interesses pessoais“.

Reiterou ainda que não iria deixar cair o país numa “guerra civil”, enquanto o grupo paramilitar já assumira o controlo das instalações militares e do aeródromo de Rostov, uma cidade-chave para o ataque à Ucrânia.

Cerca de 24 horas depois de ter iniciado a sua rebelião, Prigozhin parou a sua marcha em direção a Moscovo, quando se encontrava a 200 km da capital russa — onde tinha à sua espera um enorme contingente do exército regular russo, e um provável banho de sangue.

ZAP // Lusa

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2 Comments

  1. Antes dobrar do que partir, pensou Putin. Cedeu em tudo e conseguiu sobreviver mais um dia. Esteve próximo daquele que será o seu fim, ou seja, acabar pendurado pelo pescoço.

  2. Uma enorme derrota de Putin. Tremeu, demonstrou ter muito medo e que não é um líder. Está a prazo. Alguém vai mandá-lo abaixo.

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