Motorista de Sócrates, “vítima das circunstâncias”, vai ser interrogado esta quinta-feira

José Sena Goulão / Wikimedia

Ex-primeiro-ministro e ex-líder do PS, José Sócrates

O advogado do motorista de José Sócrates considerou que João Perna “é vítima das circunstâncias”, que quer falar a verdade no interrogatório de quinta-feira, mas não tem qualquer intenção de obter o estatuto de arrependido.

João Perna irá apresentar-se amanhã, pelas 10h, no Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP), em Lisboa, para interrogatório complementar, no âmbito da investigação designada por “Operação Marquês”.

“Não há aqui qualquer intenção de ter o estatuto de arrependido, até porque João Perna não tem que se arrepender de nada”, disse à agência Lusa o advogado de defesa Ricardo Candeias, observando que tem havido folclore à volta da alegada intenção de João Perna obter o estatuto de arrependido no processo que investigou o ex-primeiro-ministro, entre outros arguidos.

Insistindo que João Perna “não tem nada de que se possa arrepender”, Ricardo Candeias invocou a inocência do seu constituinte, acrescentando que ele “foi vítima das circunstâncias” e que só está na situação em que está “por ser motorista de quem é”.

A marcação do interrogatório complementar surge um dia depois de o advogado do motorista de José Sócrates entregar no DCIAP um requerimento a pedir a libertação de José Perna, invocando nulidades relacionadas com a prisão preventiva do seu cliente na Operação Marquês, que levou também à detenção do ex-primeiro-ministro.

O advogado revelou que apresentou dois requerimentos no DCIAP, o último dos quais na terça-feira, pedindo a libertação do motorista de José Sócrates.

Na altura, Ricardo Candeias declarou aos jornalistas que o processo que envolve João Perna, indiciado por fraude fiscal, branqueamento de capitais e posse ilegal de arma, já devia ser público desde outubro, por se terem esgotado todos os prazos do inquérito previstos na lei processual penal.

O advogado sustenta que estão esgotados todos os prazos do inquérito, invoca nulidades e diz ter apresentado no requerimento novos factos que, em sua opinião, são “muito relevantes” para que o juiz de instrução criminal substitua a prisão preventiva por outra medida de coacção menos gravosa.

Além de Sócrates e João Perna, no âmbito da mesma operação, está ainda em prisão preventiva Carlos Santos Silva, empresário e amigo de longa data do ex-líder socialista.

José Sócrates está preso preventivamente no Estabelecimento Prisional de Évora por suspeita de corrupção, branqueamento de capitais e fraude fiscal qualificada num caso relacionado com alegada ocultação ilícita de património e transacções financeiras no valor de vários milhões de euros.

O processo tem ainda como arguido o advogado Gonçalo Trindade, que está proibido de contactar com os restantes arguidos, de se ausentar para o estrangeiro, com a obrigação de entregar o passaporte e de se apresentar semanalmente no DCIAP.

/Lusa

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