A radiação libertada numa explosão nuclear representa um risco significativo, mesmo que as pessoas se encontrem a uma determinada distância. Mas há formas de minimizar esse risco — e países onde é muito menor.
Desde que a primeira bomba foi lançada em Hiroshima, o risco de um conflito nuclear nunca foi zero — sempre existiu.
Mas, nos últimos meses, a escalada de tensão com a invasão da Ucrânia pela Rússia elevou notoriamente esse risco.
No mais recente degrau dessa escalada, esta quinta-feira, o ex-Presidente russo Dmitry Medvedev avisou o mundo de que uma derrota da Rússia na guerra da Ucrânia pode desencadear uma guerra nuclear.
É ainda muito improvável que venha a estalar uma Guerra Termonuclear Global. Mas pode acontecer.
O que fazer então se tal acontecer?
Se estiver em casa e vir o cogumelo
Segundo diz espirituosamente o Interesting Engineering, o único local realmente seguro para se estar no momento de uma explosão nuclear é o mais longe possível.
Contudo, pode acontecer que esteja perto do local de uma deflagração. Nessa situação, um novo estudo revelou os melhores locais para se abrigar, tendo em consideração que o tempo e as opções são escassas quando as sirenes tocam.
O pensamento convencional indica que nos devemos abrigar no subsolo ou em edifícios reforçados. Mas serão essas as melhores soluções?
Um grupo de investigadores da Universidade de Nicósia, no Chipre, desenvolveu o que dizem ser o primeiro estudo técnico para testar essa ideia.
Na investigação, publicada recentemente na Physics of Fluids, a equipa simulou a explosão de uma bomba atómica a partir de um míssil balístico intercontinental convencional e a subsequente onda provocada, de forma a investigar a forma como poderia afetar as pessoas.
À superfície, a onda de explosão consegue derrubar estruturas e ferir qualquer pessoa que se encontre na zona exterior. No entanto, as estruturas mais fortes, como as de betão, conseguem resistir ao impacto.
Através de um programa de modelação, a equipa conseguiu estudar o impacto da onda originada pela explosão. Foram capazes de calcular a velocidade do ar e identificar os melhores e piores lugares para se estar, graças à estrutura simulada, que incluía salas, janelas, portas e corredores.
“Antes do nosso estudo, o perigo para as pessoas no interior de um edifício reforçado com betão que resiste à onda de explosão não era claro”, explicou Dimitris Drikakis, um dos responsáveis pela investigação.
“O nosso estudo mostra que as velocidades elevadas do ar continuam a ser um perigo considerável e podem ainda resultar em ferimentos graves ou mesmo em fatalidades”, continuou.
Os resultados sugerem que o simples facto de estar numa estrutura robusta é insuficiente para eliminar o risco. Há pequenas áreas que podem aumentar a velocidade do ar, e o envolvimento da onda de explosão faz com que esta reflita nas paredes e se curve em torno dos cantos.
Nas piores circunstâncias, isto pode gerar uma força 18 vezes superior ao peso de um humano adulto.
“Os locais interiores mais perigosos são as janelas, os corredores, e as portas“, explica Ioannis Kokkinakis, outro dos autores do estudo.
“As pessoas devem manter-se afastadas destes locais e abrigar-se imediatamente. Mesmo numa sala virada para a explosão, podemos estar a salvo das altas velocidades caso nos coloquemos nos cantos das paredes“.
“Além disso, haverá um aumento dos níveis de radiação, edifícios pouco seguros, linhas de energia e gás danificadas, e incêndios”, explica Dimitris Drikakis. “As pessoas devem preocupar-se com todos os aspetos acima referidos e procurar ajuda de emergência de imediato”, concluiu.
Melhores locais para nos abrigarmos
Se as sirenes de repente começarem a soar, e estivermos ao ar livre, a primeira coisa a fazer é procurar abrigo rapidamente num local seguro. O tempo é essencial: há apenas uma breve janela de tempo entre a explosão e a chegada da onda por ela provocada.
Para evitar ou diminuir o impacto da radiação libertada pela explosão, o Ready.gov, um site oficial do governo dos Estados Unidos, aconselha que “entre no edifício mais próximo”, sendo as construções em tijolo ou betão as opções mais seguras.
Uma vez no edifício, deve dirigir-se para a cave ou espaço mais interior possível. Deve então “tirar peças de roupa contaminadas, e lavar as porções de pele desprotegida se tiver estado ao ar livre na altura em que ocorra precipitação”.
Se estiver ao ar livre e não houver edifícios próximos no momento da explosão, “proteja-se atrás de qualquer coisa que possa oferecer proteção”, recomenda o site. “Deite-se de bruços para proteger a pele exposta do calor e dos detritos”.
Se estiver num veículo, “pare com segurança e encolha-se no seu interior”.
De acordo com a Protect and Survive, campanha de informação pública lançada no Reino Unido durante a década de 1980, se viver num edifício de apartamentos com cinco ou mais andares, é melhor não se abrigar nos dois últimos andares.
“As caves e pisos térreos, tal como os corredores centrais nos andares inferiores, dão mais proteção”, reforça a campanha.
Melhores locais para viver
De acordo com duas simulações diferentes, realizadas por equipas de investigação independentes, uma guerra nuclear entre os EUA e a Rússia resultaria em mais de 90 milhões de mortos e feridos, só nas primeiras horas do conflito — e mergulharia o mundo num Inverno nuclear durante pelo menos dez anos.
Ou seja, durante muitos anos, não haveria no mundo locais onde as pessoas pudessem ter uma vida feliz após um conflito nuclear.
Mas no primeiro impacto de um conflito nuclear, há locais com mais e menos risco de exposição aos efeitos das deflagrações. Numa Guerra Termonuclear Global, os primeiros alvos dos beligerantes seriam as grandes cidades e alvos militares.
Assim, Montesinho está menos exposto do que Matosinhos. Os habitantes de Lisboa correm mais riscos do que os de Évora. E os madeirenses correm menos risco de ver uma bomba atómica explodir no quintal do que os açorianos — que não têm só vantagens por ter uma base aérea norte-americana nas Lajes.
Ainda assim, Portugal não está propriamente no topo da lista de alvos prioritários de uma eventual chuva de mísseis nucleares.
Países para sobreviver ao pós-apocalipse
De acordo com um estudo de 2022, uma guerra nuclear pode matar 5 mil milhões de pessoas — mais de metade da população mundial — à fome. Mas alguns países seriam mais afetados do que outros, e dois países em particular seriam poupados aos efaitos mais devastadores da catástrofe.
Segundo o que o grupo de investigadores conseguiu determinar, caso rebentasse uma guerra nuclear, os países mais afetados seriam os do hemisfério norte.
Em contrapartida, a Austrália e a Nova Zelândia conseguiram manter parte dos seus recursos a nível de abastecimento alimentar.
Num cenário em que 250 explosões nucleares lançassem 27 milhões de toneladas métricas de material para o ar, o Hemisfério Norte registaria uma quebra de mais de 50% nas suas colheitas e cerca de 20% a 30% nas reservas de pesca. Para nações mais próximas do equador, contudo, a redução média seria inferior a 10%.
Como ficou provado no conflito entre a Ucrânia e a Rússia, o comércio de alimentos seria quase certamente interrompido. As nações dependentes de alimentos importados teriam de se ajustar rapidamente. Para algumas comunidades, isto poderia não ser tão mau como parece.
Sem um comércio internacional que complementasse a sua dieta alimentar, a Austrália poderia ainda assim salvar metade das suas colheitas de trigo. Simulações realizadas pelos investigadores revelaram que esta cultura sofreria uma queda mínima — ou talvez mesmo alguns ganhos.
Da mesma forma, o abastecimento alimentar da Nova Zelândia poderia enfrentar um impacto menor do que o de nações que dependem de culturas como o arroz.
“Se este cenário ocorresse de facto, a Austrália e a Nova Zelândia veriam provavelmente um afluxo de refugiados da Ásia e de outros países em situação de insegurança alimentar”, observaram os autores.
Também os líderes mundiais (e bilionários) de todo o mundo, que devem saber alguma coisa que desconhecemos e já estão a preparar-se para o fim do mundo, parecem não ter dúvidas — e estão a escolher a Nova Zelândia para construir os seus super-bunkers e villas fortificadas.
Além da Austrália e Nova Zelândia, ambém a Argentina e a Islândia estão na lista dos países que sobreviveriam melhor aos efeitos de uma guerra nuclear — porque, além de serem países menos populosos, já cultivam em grandes quantidades produtos agrícolas resistentes, como o trigo.
A Islândia, por ser um pequeno país, isolado no meio do Atlântico, está mesmo no primeiro lugar da lista do The Smart Survivalist dos 20 melhores países para se viver em caso de uma guerra nuclear.
À frente da Austrália e Nova Zelândia, em segundo lugar na lista, está o Canadá. Curiosamente, seguem-se Noruega, Suécia e Finlândia na 5ª, 6ª e 7ª posições da lista de países mais seguros — provavelmente, assumindo que entretanto nenhum destes países adere à NATO.
A lista justifica as suas escolhas não apenas pelo eventual risco de envolvimento no conflito, mas também pelas condições geográficas e económicas para sustentar condições de vida após a catástrofe.
Assim, completam a lista de melhores países para sobreviver ao apocalipse o Camboja, Tailândia, Gronelândia, Maldivas, Ilhas Fiji, Tonga, Coreia do Sul, Nepal, Butão, Sri Lanka, Japão, Filipinas e Antártida.
Infelizmente, Portugal não está na lista. Já escolheu para onde quer emigrar?
Infelizmente parece que temos um incompetente à frente das Nações Unidas, que foi criada para promover a paz e evitar estas ameaças e que até funcionou durante a guerra fria. Guterres devia ter coragem e fazer tudo para acabar com esta guerra na Ucrânia, que na verdade é uma guerra entre 2 potências nucleares EUA-Rússia. Podia por pelo menos através dos meios de comunicação social, de uma forma isenta, promover conferências de paz , negociações e mobilizar a opinião pública mundial contra o fornecimento de mais armas que alimentem uma escalada da guerra para um conflito nuclear que vai contra todos os princípios das Nações Unidas. Seria uma grande oportunidade para ficar na história e ajudar verdadeiramente a humanidade, e não ser apenas uma vergonha para os Portugueses.