A procura por habitações construídas em bunkers explodiu durante a pandemia de covid-19. Com o deflagrar da Guerra da Ucrânia, a procura aumentou ainda mais — um sinal de uma ansiedade global acerca do futuro da Humanidade.
Em todo o mundo, os super-ricos e poderosos parecem estar a preparar-se para um futuro incerto, e são cada vez mais os que aderem de alguma forma à moda, que não é para todos, do sobrevivencialismo.
Entre os métodos de “preparação para um evento catastrófico” incluem-se armazenar grandes quantidades de comida, aprender técnicas de auto-defesa, e construir habitações subterrâneas — verdadeiros bunkers capazes de resistir a um colapso da civilização e assegurar a sobrevivência dos seus afortunados residentes.
A procura destes bunkers teve a sua origem remota nos tempos que se seguiram ao 11 de setembro, explodiu durante a pandemia de covid-19 e, conta a Domus, aumentou ainda mais com o deflagrar da Guerra da Ucrânia.
Segundo a revista de arquitetura, muitos milionários do vale de Napa, na Califórnia (entre os quais o rapper Kanye West), estão a construir bunkers sob as suas villas — que incluem jacuzzis, cinemas, salas de bilhar, garagens e até estábulos. Um pequeno investimento no futuro, para quem pode gastar uns 10 milhões de dólares.
Outros, como Peter Thiel, o famigerado bilionário co-fundador do PayPal e primeiro investidor no Facebook, preferem gastar um pouco mais e estão a comprar villas fortificadas num local um pouco mais bucólico: Queenstown, na Nova Zelândia.
Território quase virgem, rico em recursos e afastado das rotas dos mais óbvios cenários de catástrofe, a Nova Zelândia parece ser o destino de eleição dos bilionários de Silicon Valley para sobreviver ao apocalipse, diz o The Guardian.
Entretanto, a enorme procura de bunkers à prova de fim do mundo tornou-se o El Dorado para as empresas especializadas na construção de abrigos de sobrevivência, como a Rising S Bunkers, a Atlas Survival Shelters, ou a Vivos, fundada pelo especialista norte-americano em sobrevivência Robert Vicino.
Numa entrevista recente ao jornal mexicano El Imparcial, Vicino assegura que os seus bunkers, que apresenta como “a opção para ter uma vida segura e longa”, são capazes de resistir ao impacto direto de uma explosão atómica e “completamente abastecidos para aguentar desastres massivos e grandes catástrofes”.
As opções da Vivos vão de pequenos bunkers familiares a abrigos comunitários com 1000 m2 capazes de manter 80 pessoas em instalações com 20 quartos, 6 casas de banho, cozinha, sala de refeições, lavandaria, oficina, centro de comunicações e até uma zona de detenção.
O que sabem os líderes mundiais?
Segundo revelou Vicino ao The Sun em fevereiro de 2017, os líderes das principais nações de todo o mundo “já sabem que o fim do mundo está próximo“, e estão secretamente a preparar-se para ele construindo bunkers para a elite política.
Segundo Vicino, há nos Estados Unidos um complexo habitacional subterrâneo, construído por baixo da cidade de Denver, que está ligado a Washington por comboios de alta velocidade.
O especialista norte-americano garante que os governos dos EUA e do Reino Unido já estão a fazer planos secretos para salvar as suas vidas – planos esses que não nos incluem. “Eles não têm um plano para si ou para mim, só para eles“.
Segundo o perito, o abrigo de Denver, o maior destes abrigos nos EUA, foi planeado em 1983 e tem capacidade para apenas 10 mil pessoas, estando “reservado exclusivamente a funcionários do governo e pessoas poderosas”.
De acordo com Vicino, a razão destes planos secretos não era uma então improvável III Guerra Mundial, mas um desastre natural de proporções gigantescas. “Eles estão a preparar-se para um possível apocalipse causado pela chegada do Planeta X, também conhecido como Nibiru, em setembro de 2017″, dizia Vicino.
A verdade é que 2017 passou e o apocalipse não chegou. Mas, garantem os cientistas, há mais de 30 mil asteroides perto da Terra, e um dia, não se sabe quando, um deles vai atingir-nos.
E se em 2017 a perspetiva de um conflito nuclear era longínqua, a invasão da Ucrânia pela Rússia em fevereiro deste ano — e a guerra que até hoje se arrasta — lançaram o mundo numa escalada de tensão, com o risco de uma Guerra Nuclear cada vez mais longe do zero que nunca foi.
Enquanto isso, “o homem que constrói abrigos de luxo para os 1% paranóicos“, como chama a revista Vice a Robert Vicino, só tem a ganhar com as profecias do fim do mundo e com as “notícias alarmistas” (como esta mesmo, que está a ler) que dele falam.
Esta gente vai viver de quê depois do apocalipse? São eles próprios que vão plantar as batatas e o feijão, criar galinhas, fazer pão? Ou tencionam levar com eles uns elementos da arraia-miúda para lhes fazer os serviços?
Grande resposta, parabéns bem haja!
Bem observado. Existe um videojogo bastante interessante chamado Bioshock que retrata uma cidade utópica construída para as elites artísticas e intelectuais, mas como diz um apontamento deixado por um dos seus residentes “até no paraíso é preciso alguém para lavar as sanitas”.
Completamente de acordo. Como se costuma dizer: irou-me as palavras da boca…
As “habitações construídas em bunkers” é paranoia do Bill Gates, esse psicopata. Infelizmente deram-lhe demasiado tempo de antena e a moda pegou.
Embora seja radicalmente contra a violencia, tenho de encarar os ditadorzinhos como se duma peste se tratasse. Gastam-se milhões de todas as moedas para ‘tratar’ as viroses que afetam milhões de seres humanos. Trataram do ‘afastamento’ do ditador Sadam. Será que não aparece um ‘cientista’ que ‘afaste’ todos os ‘Putins” e pseudos encarando-os como virus a irradicar?
Claro que seria necessário ‘salvaguardar’ os lucros da operação. Mas para que ser rico se não houver onde demonsta-lo?