Uma guerra nuclear pode matar 5 mil milhões à fome. Mas dois países seriam poupados

Um grupo de investigadores conseguiu determinar que, caso rebentasse uma guerra nuclear, os países mais afetados seriam os do hemisfério norte. Em contrapartida, a Austrália e a Nova Zelândia conseguiram manter parte dos seus recursos a nível de abastecimento alimentar.

Analisando os últimos dados sobre colheitas e recursos pesqueiros, os especialistas propuseram seis possíveis cenários do que aconteceria a nível do abastecimento alimentar no rescaldo de um conflito nuclear que escalasse rapidamente entre os Estados, como avançou um artigo do Science Alert.

Sem contar com as baixas imediatas nos ataques, que poderiam ser de centenas de milhões, a taxa de mortalidade de uma crise desencadeada pela escassez de alimentos poderia, por si só, aniquilar a maior parte da população mundial, apontou o estudo, publicado recentemente na Nature Food.

Os investigadores utilizaram o Modelo de Sistema Comunitário do National Center for Atmospheric Research para prever como os padrões meteorológicos poderiam mudar com a adição de fuligem e poeiras provocadas por explosões nucleares, estimando os rendimentos das culturas no caso de mudanças na temperatura, luz e precipitação.

No caso de um bombardeamento nuclear que envolvesse cerca de 100 detonações, os cálculos mostraram que seriam lançadas para a atmosfera cinco milhões de toneladas métricas de partículas. Os incêndios na Califórnia, em 2017, e na Austrália, em 2019, emitiram até 1 milhão de toneladas métricas cada um.

Os resultados demonstraram que até 255 milhões de pessoas sucumbiriam à fome durante os anos seguintes às explosões.

Uma guerra a nível mundial, que esgotasse as reservas de bombas norte-americanas e russas, acrescentaria 150 milhões de toneladas métricas de grãos e pó à atmosfera do nosso planeta, privando o mundo de três quartos dos seus recursos.

Aproveitar as reservas de alimentos para animais e comer o que agora desperdiçamos não teria grande impacto – seria uma fome lenta para 5 mil milhões de pessoas em todo o mundo, à medida que lutariam para conseguir alimentos que lhes permitissem sobreviver durante os próximos dois anos.

Num cenário em que 250 explosões nucleares lançassem 27 milhões de toneladas métricas de material para o ar, o Hemisfério Norte registaria uma quebra de mais de 50% nas suas colheitas e cerca de 20% a 30% nas reservas de pesca. Para nações mais próximas do equador, contudo, a redução média seria inferior a 10%.

Como testemunhado no conflito entre a Ucrânia e a Rússia, o comércio de alimentos seria quase certamente interrompido. As nações dependentes de alimentos importados teriam de se ajustar rapidamente. Para algumas comunidades, isto poderia não ser tão mau como parece.

Sem um comércio internacional que complementasse a sua dieta alimentar, a população da Austrália poderia ainda assim salvar metade das suas colheitas de trigo. Simulações realizadas pelos investigadores revelaram que esta cultura sofreria uma queda mínima no rendimento ou, talvez, até mesmo um ganho.

Da mesma forma, o abastecimento alimentar da Nova Zelândia poderia enfrentar um impacto menor do que o de nações que dependem de culturas como o arroz.

“Se este cenário ocorresse de facto, a Austrália e a Nova Zelândia veriam provavelmente um afluxo de refugiados da Ásia e de outros países em situação de insegurança alimentar”, observaram os autores.

Mas há muitas incógnitas quando se trata de como a humanidade reagiria na sequência de uma guerra nuclear. Fatores como a perda de ozono e a morte de polinizadores também afetariam os recursos. Tendo esses fatores em consideração, poderíamos ver a nossa taxa de mortalidade aumentar ainda mais.

ZAP //

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