Tiros, gás lacrimogéneo e perseguição. Polícia iraniana confronta universitários em Teerão

@1500tasvir / Twitter

Universidade de Teerão.

A polícia iraniana entrou em confronto com estudantes na Universidade de Sharit, em Teerão, este domingo, para acabar com os protestos após a morte da jovem curda Mahsa Amin.

A onda de contestação no Irão após a morte da jovem Mahsa Amini por uso incorreto do véu islâmico já provocou 92 mortos, anunciou este domingo a organização não-governamental Iran Human Rights (IHR).

Mahsa Amini, de 22 anos, morreu em setembro no norte de Teerão. Tinha sido presa e levada pouco depois para o hospital, com múltiplos golpes na cabeça.

As forças de segurança iranianas entraram também em confronto com estudantes na universidade de Sharif, em Teerão, este domingo, de acordo com informação partilhada nas redes sociais e em media estatais, avançou a agência Reuters.

Os protestos contra o governo iraniano acontecem na sequência da morte de Mahsa Amini, a jovem curda de 22 anos que morreu três dias depois de ter sido detida por uso incorreto do véu islâmico.

Esta é a maior demonstração de oposição ao governo israelita dos últimos anos, com o povo a pedir o fim de mais de quatro décadas de domínio clerical islâmico.

De acordo com a Reuters, a conta do Twitter @1500tasvir, com cerca de 160 mil seguidores, publicou vários vídeos que mostram a Universidade Sharif, cercada por dezenas de polícias de choque. Este vídeo mostra uma rua perto da universidade, cerca de uma hora depois dos protestos:

Na página do Twitter aparecem ainda vários vídeos de protestos que foram ocorrendo durante a manhã de hoje, em várias outras universidades do país, como é o caso da
Universidade Industrial de Isfahan. “A nossa universidade está longe de ser famosa e, se for tomada, a nossa voz não chegará ao povo. Sê a nossa voz. #Mahsa_Amini”:

Um dos vídeos mostra até as forças de segurança a disparar gás lacrimogéneo para expulsar os estudantes de Sharif, bem como o som do que pareciam ser tiros.

Há ainda outro vídeo que filma as forças de segurança a perseguir dezenas de estudantes presos no estacionamento subterrâneo da universidade. Muitos desses estudantes terão sido presos.

Os protestos contra o regime e a “polícia de moralidade” continuam, cada vez com mais apoiantes. O governo iraniano já bloqueou a internet, quase totalmente, na semana passada.  Aplicações como o WhatsApp e o Instagram estão inacessíveis numa aparente tentativa de controlar os protestos.

Mas o multimilionário Elon Musk parece querer ajudar a alimentar as manifestações, anunciando na rede social Twitter que está “a ativar o Starlink”.

O Starlink é um projeto da Space X de Musk que pretende levar a Internet a todos os cantos do mundo com recurso ao sistema de satélites, ou seja, sem precisar de infraestruturas locais.

Algumas mulheres iranianas, em forma de protesto, queimaram os seus hijabs nas ruas. Um vídeo partilhado pela apresentadora da BBC Rana Rahimpour mostra mulheres em pé em cima de carros da polícia, a atacar a República Islâmica.

O incidente de Mahsa Amini levou a NPR a relembrar o caso da iraniana Sahar Khodayari que se vestiu com um homem em 2019, para entrar num estádio e assistir a um jogo de futebol masculino. Quando a jovem de 29 anos foi presa e soube que passaria seis meses na prisão, imolou-se em frente a um tribunal de Teerão.

As redes sociais estão repletas de vídeos de apoio às mulheres no Irão, com protestos que tentam dar voz a quem não a tem.

O The Guardian partilhou no Instagram um conjunto de vídeos de iranianas a viver no estrangeiro, que se manifestam como forma de apoio. “Eles estão a matar-nos para nos tirar a voz”, ouve-se de uma iraniana no Iraque.

 

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Alice Carqueja, ZAP //

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