Está em marcha uma revolução no Irão? Elon Musk dá uma ajuda nos protestos

STR / EPA

Protestos no Irão por Mahsa Aminii

Protestos em Teerão, no Irão, pela morte da jovem Mahsa Amini.

Os protestos não param no Irão depois da morte da jovem Mahsa Amini, após a sua detenção pela “polícia de moralidade”. Já houve mais de 30 mortes e de 50 detenções, mas as manifestações não abrandam. E Elon Musk quer contribuir para a “libertação” iraniana.

O Governo iraniano bloqueou a internet quase totalmente, nesta quarta-feira, no seguimento dos protestos pela morte de Mahsa Amini, de 22 anos, depois de ter sido detida pela “polícia da moralidade” por levar o véu colocado de forma que os agentes consideraram incorrecta.

Aplicações como o WhatsApp e o Instagram estão inacessíveis numa aparente tentativa de controlar os protestos.

Mas o multimilionário Elon Musk parece querer ajudar a alimentar as manifestações, anunciando na rede social Twitter que está “a activar o Starlink”.

O Starlink é um projecto da Space X de Musk que pretende levar a Internet a todos os cantos do mundo com recurso ao sistema de satélites, isto é, sem precisar de infraestruturas locais.

Aquela publicação de Musk foi a resposta a uma mensagem do Secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, que informava que a Casa Branca tinha emitido uma autorização para que as empresas de Internet disponibilizassem os seus serviços no Irão.

“Com esta medida, vamos ajudar a que o povo iraniano não fique isolado. É um passo para apoiar significativamente os iranianos, que exigem que se respeitem os seus direitos fundamentais”, escreveu Blinken.

Os protestos no Irão começaram na sexta-feira da semana passada, após ser conhecida a morte de Masha Amini.

A televisão estatal IRIB já noticiou a morte de 26 pessoas devido aos confrontos com as forças policiais.

Mas a organização não-governamental (ONG) Iran Human Rights (IHR) contabiliza 31 mortos, seis dos quais terão sido baleados pelas forças da ordem na noite de quinta-feira na cidade de Rezvanshahr, na província de Gilan, no sul do Irão.

Diversos grupos de direitos humanos dizem que já foram mortas centenas de pessoas nas manifestações que já decorreram em cerca de 80 localidades do país ao longo da última semana.

Entretanto, há rumores de que as autoridades iranianas estão a usar ambulâncias para transportar as forças de segurança e também os detidos para locais desconhecidos.

No Twitter são divulgadas imagens que mostram alegados protestos realizados neste sábado, 24 de Setembro, junto à Universidade de Teerão, onde se grita “morte ao ditador”.

Estes já são considerados os distúrbios políticos mais graves no Irão desde 2019.

Presidente iraniano denuncia “hipocrisia” ocidental

O presidente iraniano, Ebrahim Raisi, já referiu ter “a certeza” de que será aberta “uma investigação” à morte de Mahsa Amini, mas também denunciou a “hipocrisia das potências ocidentais” sublinhando que o relatório do médico legista não mencionou abusos da polícia.

Mahsa Amini foi detida pela “polícia da moralidade” de Teerão e obrigada a assistir a “uma hora de reeducação” numa esquadra.

Morreu três dias após a detenção num hospital, onde chegou em coma após sofrer um ataque cardíaco que as autoridades atribuíram a problemas de saúde, versão rejeitada pela família.

Desde então multiplicaram-se os protestos. “O povo iraniano desceu às ruas para se bater pelos direitos fundamentais e a sua dignidade humana e o Governo respondeu a estas manifestações pacíficas com balas”, denunciou em comunicado o director da IHR, Mahmood Amiry Moghaddam.

Em paralelo, a poderosa Guarda Revolucionária do Irão definiu como “sedição” os protestos e pediu ao poder judicial que proceda ao julgamento “de quem dissemina rumores e mentiras” nas redes sociais e nas ruas.

Entretanto, milhares de iranianos juntaram-se em Teerão numa manifestação de apoio às autoridades, seguindo-se várias outras demonstrações de apoio ao regime iraniano em diversas regiões do país. Estas manifestações foram classificadas como “espontâneas” pelo Governo.

Os manifestantes pró-governo gritaram contra os EUA e contra Israel, segundo relata a comunicação social estatal, reflectindo a posição oficial de que são os países estrangeiros que estão a fomentar os distúrbios dos últimos dias.

ONU faz apelos ao Irão

As Nações Unidas (ONU) já revelaram estar preocupadas com os relatos de violência contra os protestos no Irão, apelando às forças de segurança do país “que se abstenham de usar força desnecessária e desproporcional“.

A ONU está “a acompanhar a situação muito de perto” e o secretário-geral da ONU, António Guterres, já se reuniu com o presidente do Irão, na quinta-feira, referiu o porta-voz do líder da organização, Stéphane Dujarric.

“Apelamos a que sejam tomadas medidas adicionais para eliminar as formas de discriminação contra mulheres e meninas e implementar medidas eficazes para protegê-las de outras violações de direitos humanos de acordo com os padrões internacionais”, notou ainda Dujarric.

ZAP // Lusa

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