Já arderam 38.591 hectares em Portugal até 15 de julho — o maior número de área ardida, em termos homólogos, desde 2017.
A área que ardeu em Portugal este ano já ultrapassou a de 2017 em termos homólogos, ano que ficou marcado pelos fogos de Pedrógão Grande.
De acordo com dados do Instituto da Conservação da Natureza, já arderam, desde o início de 2022, 38.591 hectares, um valor maior do que a totalidade da área ardida em todo o ano de 2021 — 28.415 hectares.
Em comparação aos últimos anos (e excluindo 2017), 2022 foi o ano com mais hectares ardidos em Portugal. Em 2018, por esta altura, tinham ardido 5.387 hectares, em 2019 10.184 hectares, em 2020 9.653 hectares e em 2021 12.123 hectares.
Em 2022 também se verificou o maior número de ocorrências — 6.077 — nos últimos cinco anos apesar de estar abaixo da média dos últimos 10 anos — 7.051 — de acordo com o Observador.
Segundo Paulo Fernandes, especialista em fogos da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, as altas temperaturas e o inverno seco ajudam a explicar os números.
“Quando não temos chuva recente, estamos sempre à mercê da atmosfera. Se tivermos episódios de dias muito quentes e secos, e sobretudo com vento, que é o grande fator de incêndios maiores, qualquer combinação meteorológica deste tipo vai trazer fogos graves”, admite Paulo Fernandes, em entrevista ao Público.
Também em entrevista ao mesmo jornal, António Salgueiro, engenheiro florestal e especialista em fogos, aponta o vento como fator determinante para os incêndios.
“Com a mudança da direção do vento o fogo fica extremamente perigoso, porque evolui em todas as direções e propaga-se por projeções. Qualquer descuido dá origem a um incêndio e um incêndio que avança de forma muito rápida”, indica.
As temperaturas vão começar a descer, mas o acumular do tempo seco e quente dos últimos dias não permite qualquer alívio no risco de incêndios.
O estado de contingência será alargado até domingo, com um eventual prolongamento decidido nesse dia. Hoje há avisos vermelhos de calor e perigo máximo de incêndio no interior norte e centro.
“É menos mediático, admito”
O Presidente da República elogiou a capacidade de resposta aos incêndios, realçando que o “comportamento dos operacionais, bombeiros, Proteção Civil e populações é notável”, segundo noticia o Observador.
Em declarações aos jornalistas, Marcelo rebelo de Sousa informou que não se desloca ao terreno por escolha própria — uma decisão “tomada há muitos anos”.
“Na primeira vez fui [ao terreno] porque entendi que fazia mais sentido ir. Depois explicaram-me que não era assim que devia fazer e que criava mais problemas do que facilitava soluções”, clarificou o chefe de Estado.
“É menos mediático, admito. Mas a lição é que tem sido bom porque havia depois uma dispersão de atenção para quem estava no combate aos incêndios”, notou.
O Presidente da República acrescentou ainda que 70% dos incêndios que têm ocorrido no início deste verão têm “uma causa que é evitável” — como “uso de fogo inadvertido, negligente” ou “emprego de máquinas”.
No entanto, relembrar que “há sempre uma margem de fogo posto“, sendo que esta quinta-feira “foram detidos dois eventuais responsáveis por fogo posto”.
Relativamente ao prolongamento do estado de contingência até domingo, o chefe de Estado admite que “mais vale prevenir que remediar”.
Marcelo pede ainda “um esforço suplementar, um pouco mais de civismo neste fim de quinta, sexta-feira, sábado e domingo”. “Estamos já a meio do caminho. Temos de estar vigilantes mais uns dias”, apelou.
O Presidente da República acredita que se verificou uma “melhoria significativa” em termos de prevenção por parte das autoridades e no combate aos fogos, comparativamente aos anos anteriores.
“Há informação como nunca houve. Atualizada permanentemente. Isso é prevenir (…) Há uma melhor significativa em termos de prevenção”, refere.
Enquanto o país ainda estiver em estado de contingência, é preciso “ajudar a que as coisas corram bem para todos” e “agradecer aos portugueses” pelo “comportamento genérico”.
O Presidente da República afirmou também que a “capacidade de resposta dos bombeiros é rápida” e deixou uma garantia: “O número de ignições tem ficado abaixo do que já aconteceu em situações dramáticas”.
“A capacidade de resposta tem surtido efeito, o que limita o número de incêndios de alguma dimensão e, portanto, de notícia mais intensa a uma meia dúzia por dia, às vezes menos”, concluiu.
Dia mais quente de 2022
A temperatura tem atingindo números recordes, devido onda de calor que tem afetado Portugal, desde a semana passada, segundo o Público.
Esta quinta-feira, Pinhão, em Viseu, registou 47 graus Celsius, o que “constitui um novo extremo para o mês de julho em Portugal continental”, de acordo com o boletim disponibilizado pelo Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA).
O valor mais alto registado até agora era de 46,5 graus Celsius e foi alcançado na Amareleja, no Alentejo, a 23 de Julho de 1995.
No entanto, “o dia 13 de Julho [quarta-feira], com uma temperatura média do ar de 30,8 graus, é o mais quente de 2022 e o 5º mais quente dos últimos 23 anos em Portugal continental”, lê-se ainda no boletim.
Quinta-feira foi o 2º dia mais quente do ano e o 6º dia mais quente desde 2000. O recorde do dia mais quente de sempre foi a 4 de agosto de 2018, quando a temperatura média em Portugal continental foi de 32,4 graus.
“Acaba por ser o quadro global que está a mudar“, explicou Ricardo Deus, climatologista do IPMA, em entrevista ao Público.
“Estamos a olhar para um fenómeno que está a intensificar-se também no Norte do país, algo que nunca tínhamos visto. O litoral Centro e Norte sempre foram bolsas de resistência, mas presentemente até estas regiões estão a ser afetadas”, alerta.
Até esta quinta-feira, 34 estações meteorológicas registaram uma onda de calor, algo que acontece quando a temperatura máxima do ar diária é superior em cinco graus em relação ao valor médio diário, durante seis dias consecutivos.
Entre 15 e 17 de julho, o IPMA avisa que “os valores da temperatura do ar serão da ordem dos 35 graus e os valores da temperatura mínima do ar estarão entre 19 e 20 graus”, de acordo com o boletim.
Assim, teremos noites tropicais e dias excessivamente quentes. Todos os cuidados em relação ao calor devem ser mantidos e o período de contingência contra os incêndios vai manter-se até ao final do dia de domingo.
Cada vez mais penso que se impõe uma reflexão em torno da governança de Portugal. Desde o 25 de abril temos sido governados por incompetentes ou ladrões…ou ambos em simultâneo.
Temos maiorias absolutas alcançadas com o voto de 20% dos eleitores!!! A separação entre eleitos e eleitores é total. Os aparelhos partidários promovem o saque do país eleição após eleição. Pagamos exorbitâncias em impostos e não temos saúde, justiça, educação, segurança… Para onde vai o dinheiro dos impostos?! Assistimos a negociatas entre públicos e privados, feitas à descarada, à frente de todos. Não há vergonha. Parte-se do pressuposto que o povo é estúpido e desinformado e que aceita tudo serenamente. A justiça ajuda na ideia de impunidade. Uma justiça incapaz e embrulhada na política é um convite à corrupção, ao crime com o dinheiro de todos nós.
A democracia não é um sistema perfeito. Apenas o menos mau. No entanto, são necessárias reformas profundas no nosso sistema. Desde logo, uma total independência dos deputados que deveriam responder perante o povo que os elege e não perante o líder do partido. Yes men nada acrescentam e apenas servem para engrossar os “muito bem” tantas vezes proferidos na assembleia da república por todos aqueles que descobriram na política a única forma de sustento. Muitas matérias deveriam ser obrigatoriamente referendadas. Deveria haver um limite de anos para cargos públicos (e isso incluiria tudo desde deputado, autarca, ministro, secretário de estado…). Ninguém deveria poder viver apenas do cargo público. A investigação na justiça deveria ser totalmente independente. Quiçá seguindo o regime dos procuradores nos EUA (regime este que tb tem muitas desvantagens). Os políticos deveriam ser responsabilizados política, criminal e financeiramente pelas suas decisões ou omissões, sem prescrição de prazos. Muitas medidas podem e devem ser implementadas. A ausência de uma alteração profunda levará no longo prazo a um maior afastamento dos cidadãos ou ao fortalecimento de fenómenos como CHEGA. E isso poderá conduzir-nos a cenários ainda piores do que aquele que atualmente vivemos. A classe política tem de repensar a sua conduta sob pena de assistirmos ao que se passou na primeira república e a tudo o que lhe sucedeu.
Ardeu mais que em 2017…
Segundo os nossos governantes a culpa é em 1.º do tempo e em 2.º pela falta de responsabilidade das pessoas.
O Governo não tem responsabilidades nenhumas… em 2017 a culpa era no anterior governo. Agora a culpa é das altas temperaturas e da falta de responsabilidade das pessoas.
O que fez o governo desde 2017 até hoje na tematica incêndios? Nada ou praticamente nada mas em 2017 dizia à boca à boca cheia que era preciso “fazer uma revolução” na ordenação da floresta portuguesa! Se houve revolução essa foi apenas e só para pior. as florestas nunca estiveram assim, nunca se viu tanta falta de limpeza das estradas, das bermas, etc… e o que faz o N/ governo? nada!!!
acho que é caso para pensar e, se devido aos incêndios de 2017 algumas pessoas foram levadas a tribunal por falta de zelo na gestão de algumas areás florestais, não se deve equacionar levar também alguns dos N/ governantes a tribunal porque no ambito das suas funções não cumpriram com as suas obrigações?
bem haja aos bombeiros e a mais algumas entidades publicas e privadas que com poucos recursos fazem muito, muitas vezes colocando-se em risco para nos proteger…