“Hoje vamos ter o dia mais grave” dos incêndios. Portugal em situação de contingência até domingo

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Paulo Cunha / Lusa

António Costa avisou que “hoje vamos ter o dia mais grave” dos incêndios até ao momento. Portugal vai continuar em situação de contingência até domingo.

A situação de contingência em Portugal, por causa dos incêndios, vai prolongar-se de sexta-feira até domingo, anunciou esta quinta-feira o primeiro-ministro durante uma visita ao Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA).

Esta posição de António Costa de renovar a situação de contingência foi tomada após ter estado reunido com o presidente do IPMA, Miguel Miranda, e com responsáveis da Autoridade Nacional de Emergência e da Proteção Civil, em que também esteve presente o ministro da Administração Interna, José Luís Carneiro.

O primeiro-ministro questionou se a decisão política deveria passar pelo prolongamento da situação de contingência em Portugal e recebeu uma resposta afirmativa. “A temperatura vai baixar nos próximos dias, mas temos uma acumulação de incêndios nos últimos dias. Apesar de as ignições terem tendência para baixar, há um legado que passa de dia para dia, para além do crescente desgaste das forças que estão no terreno”, concluiu António Costa.

António Costa admitiu que existe uma escassez de meios a nível europeu e que outros países não podem ajudar Portugal porque também estão a combater incêndios.

“O que podemos contar é com a excelência e a dedicação dos nossos bombeiros. Os nossos bombeiros, a GNR e as forças armadas estão a dar o seu máximo”, disse o primeiro-ministro.

António Costa avisou ainda que hoje deverá ser “o dia mais grave” quanto ao risco de incêndio, segundo o Diário de Notícias.

“Conforme o briefing do presidente do IPMA, hoje vamos ter o dia mais grave relativamente a aumento das temperaturas e força do vento. Ontem foi muito duro, com 200 fogos rurais, dos quais transitaram sete para hoje. Temos de evitar novas ocorrências”, começou por dizer o chefe do Governo.

“Temos de ter muito cuidado. Num pequeno descuido pode nascer uma enorme tragédia. A resposta não é mais meios, é mais cuidado. O fogo não nasce de geração espontânea, nasce sempre de mão humana”, acrescentou.

“Não podemos passar para o estado da despreocupação”

O primeiro-ministro explicou que “hoje vamos ter temperaturas acima dos 40 graus e a descida de temperaturas para segunda-feira vão situar-se nos 30 graus o que continuam a ser temperaturas altas” e alertou que na próxima semana “podemos deixar de estar no estado de contingência mas não podemos passar para o estado da despreocupação”.

No início desta manhã, havia um total de sete incêndios a preocupar as autoridades, de acordo com o ponto de situação feito por José Miranda, da Autoridade Nacional de Emergência e Protecção Civil (ANEPC).

Dois incêndios em Vale da Pia e em Barrocal-Sicó no distrito de Leiria eram às 08:30 os que mais preocupavam os bombeiros.

“Neste momento temos duas ocorrências a causar mais preocupação, em Vale da Pia e Barrocal-Sicó, no distrito de Leiria. Na serra do Sicó temos duas frentes, uma em combate e outra arde livremente em zona de difícil acesso e, por isso, vamos mobilizar assim que for possível os meios aéreos”, disse à Lusa o oficial de operações da ANEPC.

Segundo Rodrigo Bretelo, o incêndio que deflagrou na sexta-feira em Barrocal-Sicó, no concelho de Pombal, distrito de Leiria, mobilizava 132 operacionais, incluindo grupos de reforço de Lisboa, Coimbra e Portalegre, com o apoio de 40 veículos.

“Em Vale da Pia, o incêndio está dividido em quatro setores, dos quais três estão em consolidação e um encontra-se ativo em cerca de 30% da sua área. Estão mobilizados no combate 465 operacionais, com 127 veículos”, referiu.

Segundo o portal Fogos.pt, há atualmente 16 incêndios ativos, estando mobilizados 2.224 operacionais, 656 veículos e 28 meios aéreos. As informações vão sendo atualizados ao minuto.

DGS emite recomendações

A Direção-Geral da Saúde (DGS) alertou, esta quarta-feira, que a inalação de fumos ou de substâncias irritantes químicas e o calor podem causar danos nas vias respiratórias e emitiu recomendações sobre o que deve fazer-se nestas situações.

Sublinhando que as crianças, idosos e doentes respiratórios crónicos são os mais vulneráveis, a DGS detalha que existem lesões de inalação devidas ao calor que provocam obstrução e risco de infeção.

“Além da lesão pelo calor, há possibilidade de lesão pelas substâncias químicas do fumo que provocam inflamação e edema com tosse, broncoconstrição e aumento das secreções”, refere a informação publicada pela DGS no seu site.

A DGS sublinha que existe ainda a possibilidade de surgirem lesões “mais tardias e mais graves, com destruição celular e, que, em casos extremos, causam falência respiratória”.

Assinalando que se deve evitar a exposição os fumos, porque esta é a forma mais efetiva de prevenir danos, o organismo liderado por Graça Freitas elenca as medidas que devem ser tomadas caso haja inalação de fumos.

Nesta situação, acrescenta, deve retirar-se a pessoa do local e evitar que respire fumo ou esteja exposta ao calor e pesquisar-se sinais de alarme, nomeadamente a presença de queimaduras faciais, dificuldade respiratória ou alteração do estado de consciência.

A DGS refere ainda o “mito do leite” para sublinhar que não existe descrição da sua utilidade em artigos científicos, e que o “leite não é um antídoto do monóxido de carbono”.

“A concentração de monóxido de carbono no fumo resultante do incêndio tem efeitos nocivos para a saúde para quem estiver próximo da linha de fogo”, podendo resultar em cefaleias, sensação de falta de ar, alterações visuais, irritabilidade, náuseas e fadiga para concentrações inferiores a 40%; confusão, alucinação, ataxia e coma para concentrações entre 40 e 60%; e na morte para concentrações superiores a 60%”, refere a mesma informação.

A DGS recomenda aos serviços de saúde que se organizem para que, antecipadamente , adequem as necessidades de resposta ao possível aumento o número de utentes com sintomas associados à exposição e inalação de fumo.

Em caso de necessidade as pessoas podem pedir informações através da linha de saúde 24 (SNS24), devendo ligar para o 112 em caso de emergência.

ZAP // Lusa

6 Comments

  1. Pensava que em estado de despreocupação estava o Governo de Costa. Decorridos 5 anos desde 2017 e o que foi feito? nada… ainda estamos pior que nessa altura. Onde esteve a preocupação do estado em melhorar as coisas?

    Quanto aos Bombeiros e demais autoridades são muitas das vezes os herois em conjunto com muitos populares que arriscam as vidas para tentar salvar algumas coisas. Mas, por exemplo, os bombeiros quando pedem apoio ao estado o que recebem? nada ou quase nada… aqui à uns anos receberem artigos já fora de prazo e umas mangas de proteção contra o fogo que de ignifugas nada tinham… o estado teve necessidade de pagar uns favorzinhos politicos aos amigos…

    enfim
    o meu mérito aos bombeiros, sapadores, etc.. que por vezes com tão pouco conseguem fazer muito. o meu obrigado a todos vocês

  2. O que é que o ministério da administração interna e o ministério do ambiente andaram a fazer desde a a catástrofe do Pedrogão Grande?
    Vai continuar tudo na mesma? Ninguém é responsável?
    Inacreditável como esse JLC passa sempre entre os pingos da chuva!

  3. Está de facto muito melhor. Agora não falham as previsões. Prevêm incêndios e os ditos incêndios logo aparecem. Tudo mérito do governo.

  4. Está de facto muito melhor. Agora não falham as previsões. Prevêm incêndios e os ditos incêndios logo aparecem. Tudo mérito do governo.

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