Reforço do orçamento da Defesa. Marcelo insiste, PSD pressiona, mas PS chuta para canto

António Pedro Santos / Lusa

Jamila Madeira e António Costa

O Presidente da República pediu mais investimento para a Defesa e o PSD anunciou que vai apresentar propostas de alteração ao Orçamento do Estado no mesmo sentido. O PS, para já, não considera que tal seja necessário.

Marcelo Rebelo de Sousa voltou a repetir, esta quarta-feira, a necessidade de mais investimento na Defesa, nomeadamente na exigência de novos meios e apoios às Forças Armadas.

“É preciso aprontar rapidamente um meio preciso para a NATO? Fazem isso e conseguem fazer o milagre. Não dá para fazer milagres sistemáticos, que é fazer omeletes sem ovos. Neste momento, estamos a fazer omeletes com poucos ovos. Um dia não dá para fazer omeletes sem ovos”, atirou, citado pelo Expresso.

Em declarações aos jornalistas, no Palácio de Belém, o Chefe Supremo das Forças Armadas salientou que são necessários “equipamentos compatíveis com as missões que nós estamos a assumir, e não é agora, é compatíveis a prazo”, com um “esforço continuado”.

Além desta prioridade, Marcelo afirmou que é preciso garantir “condições de promoção e de perspetiva de vida e de carreira” aos militares.

“Aquilo que dá mais notícia em termos mediáticos é 2% do Orçamento”, disse, numa referência à exigência da NATO para que cada país membro canalize 2% do seu PIB para a Defesa. “A mim não me interessa tanto essa coisa dos 2%. A mim o que interessa verdadeiramente é os portugueses aderirem à ideia.”

“Porque, se não aderirem, os partidos assim como hoje dizem uma coisa, amanhã se perceberem que os portugueses querem outra coisa os partidos deixam cair. Em quantas campanhas eleitorais se falou de Defesa? Muito raramente. Porquê? Porque os portugueses não achavam fundamental”, reiterou o Presidente.

Alinhado com Marcelo Rebelo de Sousa, o PSD já anunciou que vai propor a criação de um quadro permanente de praças nas Forças Armadas e no Exército (proposta que foi chumbada pelo PS).

Além desta proposta, o PSD quer excecionar cativações na compra de dispositivos médicos para deficientes das Forças Armadas e aproximar os vencimentos dos militares das Forças Armadas e dos serviços de segurança.

Apesar de não adiantar detalhes sobre as propostas de alteração do partido ao Orçamento do Estado, Jamila Madeira, vice-presidente da bancada do PS, referiu que não haverá mudanças no orçamento para a Defesa.

Questionada pelo Jornal de Negócios sobre se o PS vai propor um aumento do orçamento para a Defesa, como sugeriu o Presidente da República, a socialista foi perentória: “neste momento”, a questão “não se coloca”.

“O senhor ministro [das Finanças] deixou bem claro que não deixaremos de assimilar responsabilidades que venham a ser potencialmente assumidas no quadro das organizações internacionais em que participamos, nomeadamente da NATO, se tal questão se colocar. Neste momento não se coloca. E portanto não vale a pena antecipar algo que não sabemos sequer se se vai colocar”, respondeu.

O primeiro-ministro abre esta quinta-feira o debate parlamentar da proposta de Orçamento do Estado para 2022, em que a principal questão política se relaciona com a amplitude das mudanças que a maioria absoluta socialista está disponível para introduzir na especialidade.

Liliana Malainho, ZAP //

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