Esta é apenas uma fase inicial de uma invasão russa a todo o território ucraniano, avisa um dos mais altos responsáveis pela defesa dos EUA.
Fica cada vez mais afastada a ideia de que Vladimir Putin pretendia somente controlar as regiões das autoproclamadas repúblicas populares de Donetsk e Lugansk, na Ucrânia.
Logo nas primeiras horas da invasão russa, um pouco por todo o país houve 203 ataques e quase 400 bombardeamentos, segundo as autoridades ucranianas.
“As batalhas continuam praticamente ao longo de todo o território do Sudeste e do Centro da Ucrânia”, anunciou um porta-voz do Ministério da Administração Interna local. “Mas a vitória será nossa!”, acrescentou.
Mykhailo Podolyak, conselheiro do presidente Volodymyr Zelensky, informou “seis ou sete aviões” e alguns helicópteros foram abatidos. Mais de 10 tanques foram queimados.
Militares da Rússia foram vistos na região da capital Kiev, um aeroporto perto de Kiev estará a ser já controlado pelos russos, houve uma explosão na central elétrica em Trypilska e haverá combates muito perto da central nuclear de Chernobyl.
Este cenário origina a fuga de milhares de pessoas que vivem na Ucrânia, que procuram refúgio noutros países.
Dos Estados Unidos da América chega o alerta: esta é apenas a fase inicial de uma invasão russa em larga escala na Ucrânia. O aviso foi dado por um alto responsável pela defesa dos EUA, cujo nome não foi revelado.
Citado pela CNN, o militar avisou: “É provável que estas manobras se desdobrem em várias fases. Quantas? Durante quanto tempo? Não sabemos. Mas o que estamos a ver são fases iniciais de uma invasão em larga escala. E eles estão a ir em direcção à capital Kiev”.
Os russos estarão a atacar a Ucrânia a partir de três frentes: uma a partir do Sul (da Crimeira), outra começando no Norte (pela Bielorússia) e ainda outra a Noroeste de Kiev.
“A intenção dos russos é basicamente decapitar o governo e instalar o seu próprio método de governação, o que explicaria estes primeiros movimentos em direção a Kiev”, acrescentou.
O maior movimento militar na Europa desde a II Guerra Mundial será, para Putin, uma forma de a Ucrânia ser governada por um Executivo, que até pode ser ucraniano, mas que seja “amigo” da Rússia e afastada da NATO e dos EUA.
Ainda nesta quinta-feira deverão chegar mais militares norte-americanos a países da zona Leste da Europa (Estónia, Lituânia e Roménia) mas Allan Katz não acredita que apareçam militares dos EUA em solo ucraniano.
“Os Estados Unidos enviarão material militar e tropas para os países vizinhos da Ucrânia que são membros da NATO. Mas não vão enviar tropas para a Ucrânia“, analisou o antigo embaixador dos Estados Unidos em Portugal, em entrevista ao Expresso.
Brasil reage à “situação” na Ucrânia
O Governo brasileiro “acompanha com grave preocupação a deflagração de operações militares pela Federação da Rússia contra alvos no território da Ucrânia”.
Numa nota oficial, o Governo liderado por Jair Bolsonaro apelou à suspensão imediata das hostilidades e ao início de negociações mas, em todo o comunicado, não refere a palavra “invasão“, embora defenda os princípios da não intervenção, da soberania e integridade territorial dos Estados.
O vice-presidente Hamilton Mourão foi mais claro: “O Brasil não está neutro. O Brasil deixou muito claro de que respeita a soberania da Ucrânia. Por isso, o Brasil não concorda com uma invasão do território ucraniano. Isso é uma realidade”.
O presidente Jair Bolsonaro, que ainda na semana passada esteve na Rússia e disse que estava solidário com Vladimir Putin, ainda não falou sobre o assunto.
Bolsonaro esteve em São José do Rio Preto na manhã desta quinta-feira. Falou durante 20 minutos, durante a inauguração de uma estrada, mas não disse nem uma palavra sobre a situação na Ucrânia.