Há um ano, Portugal registava metade das infeções atuais — mas a testagem quase quadruplicou

Mahmoud Khaled / EPA

Este ano, a taxa de positividade dos testes situa-se nos 2,9%, ao passo que no ano passado era de 10,7%

De acordo com o boletim epidemiológico da Direção Geral da Saúde, Portugal registou esta quinta-feira — com dados referentes às 24 horas anteriores — 10.549 casos de infeção, o que representa um máximo desde 30 de janeiro. No entanto, através de uma singela comparação com o número de testes realizados no mesmo dia do ano passado é possível perceber que o país enfrenta atualmente um contexto epidemiológico muito diferente, quando o número de infeções se ficou pelos 4602.

Um fator que será sempre importante é a vacinação, que em Portugal foi largamente acolhida pelos cidadãos e que, mesmo perante um aumento dos casos, faz com que as unidades hospitalares ainda estejam longe da ocupação registada em janeiro — o pior mês da pandemia em Portugal. O segundo fator tem que ver com a testagem, a qual, nestes dias que antecedem o Natal, tem vindo a bater sucessivos recordes.

De facto, e de acordo com o jornal Público, face ao ano passado, Portugal está agora a testar quatro vezes mais face ao último dezembro e a realizar diariamente três vezes mais testes que no final de Janeiro.

Os dados do site Our World in Data, da Universidade de Oxford, indicam que o país registou na última semana uma média diária de 175.555 testes. Isto traduz-se em mais de três milhões de testes realizados em 22 dias, um valor quatro vezes superior ao verificado entre os dias 1 e 22 de dezembro de 2020. No que respeita a valores absolutos, a diferença é de mais de 2,3 milhões de testes realizados, comparando os valores atuais e os do período homólogo.

Face aos sucessivos recordes, Portugal é agora o nono país do mundo que mais testa diariamente, com uma média na última semana de 14,6 testes por mil habitantes. No que respeita à positividade, em dezembro deste ano o indicador situava-se nos 2,9%, ao passo que no ano passado era de 10,7% — muito acima do limiar de 4% estabelecido pelo Centro Europeu de Prevenção e Controlo de Doenças.

Conselhos para a realização dos auto-testes

Depois das medidas anunciadas por António Costa tendo em vista a contenção da circulação da variante Ómicron — nomeadamente as que previam a obrigatoriedade da apresentação de teste negativo para a frequência de restaurantes nos dias 24, 24 e 31 de dezembro e 1 de janeiro —, o Governo veio esclarecer que também os auto-testes serão considerados, isto apesar de nas últimas semanas muitos especialistas terem alertado para a pouca fiabilidade destes.

Segundo Vasco Ricoca Peixoto, médico investigador da Escola Nacional de Saúde Pública, os testes rápidos podem falhar de 20% a 30% dos casos positivos quando as pessoas têm sintomas. Quanto não têm sintomas, podem falhar até 50%. Seguindo o mesmo raciocínio, nos primeiros dias de sintomas a fiabilidade é maior — ou seja, são os melhores dias para se realizarem —, cerca de 70% a 80%.

Para Vasco Peixoto, uma questão que ainda não é clara é a da posição correta para a realização dos testes.

“Deve ser feito na horizontal, em profundidade na base do nariz, paralelamente ao chão, e junto ao septo nasal. Há aí uma zona que oferece muito menos resistência e é aí que se avança sem grande dor. De seguida, a zaragatoa deve entrar dois ou três centímetros e deve-se rodar quatro ou cinco vezes, fazer aquelas rotações para colher as células. Por fim, também o número de gotas deve ser o indicado no folheto, não é despejar o frasco todo“, ressalva.

De acordo com o especialista, o melhor momento para a realização dos testes é “imediatamente antes dos momentos de convívio”.

ZAP //

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