A definição clássica de predador determina que se coma aquilo que se mata. Como os humanos não comem todos os animais que matam, será que podem ser mesmo considerados como os reis da cadeia alimentar?
Leões, tubarões brancos ou lobos, todos estes animais têm uma coisa em comum – são predadores com dietas maioritariamente carnívoras e sem outros animais acima na cadeia alimentar, excepto os humanos.
Segundo o Live Science, o lugar dos humanos na cadeia depende de como se define “predador”, ou seja, se se está a matar para comer ou simplesmente a matar outro animais e também se estamos a falar de humanos pré-históricos ou modernos.
Na Ecologia, o lugar dos humanos na cadeira alimentar não é fundamentado nos animais que nos comem ou nos que matamos, afirma Sylvain Bonhommeau, ecologista marinha do IFREMER, instituto de investigação marinha em França
Então, quais são os critérios? “É completamente baseado no que comemos“, explica a especialista. Com base nessa definição a resposta é não, os humanos não estão no topo da cadeia, visto não comermos todos os animais que matamos.
O IFREMER partiu na missão de determinar o nosso lugar na cadeira, ou seja, o nosso nível trófico, que se divide numa escala de 1 a 5 – as plantas e outros produtores primários ficam no nível 1, os herbívoros ficam no nível 2, os carnívoros que só comem herbívoros são nível 3 e daí em diante.
As espécies que obtém comida de vários níveis tróficos, como os omnívoros, são avaliados pelo nível trófico médio daquilo que comem. Por exemplo, um animal que come 50% plantas e 50% herbívoros seria um omnívoro de nível 2.5.
Com os dados das Nações Unidas sobre o consumo de comida humano globalmente, o IFREMER atribuiu um nível trófico a cada comida que comemos. Em média, os humanos conseguem 80% das suas calorias diárias de plantas e 20% de carne e peixe, o que nos deixa no nível trófico 2.21, entre as anchovas e os porcos.
Mas estes valores não são iguais por todos os cantos do globo. No Burundi, onde a dieta é maioritariamente baseada em plantas, o nível trófico é 2.04. Já na Islândia, onde metade da alimentação é com carne, o nível já é de 2.57.
No entanto, é óbvio que os humanos são muito mais perigosos para outras espécies do que os porcos ou as anchovas, com alguns cientistas até a referirem-se à nossa espécie como “super predadora“, já qua mata presas adultas a um ritmo até 14 vezes superior ao de outros predadores.
Na maior parte dos casos, não matámos animais para os comer. Por exemplo, a maior causa para a diminuição na população de leões são a perda do habitat e pessoas que os matam por não os quererem a ameaçar as suas criações de gado. Por causa disto, há também especialistas que sugerem o uso do termo “super-consumidor” para descrever os humanos, em vez de “super-predador”.
Entre as mudanças que podem ter causado a descendência humana na cadeia alimentar, a principal foi o desaparecimento de animais grandes como os mamutes. Na mesma altura, os humanos começaram a desenvolver tecnologias que lhes permitiam consumir mais plantas, com a invenção da agricultura à porta.