Nas diretas do PSD, são as bases contra as estruturas e, no final, ganha Rio

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ppdpsd / Flickr

Rui Rio e Paulo Rangel conversam durante o Conselho Nacional do PSD

Rui Rio, presidente do PSD, e Paulo Rangel, candidato à liderança social-democrata, durante o Conselho Nacional do partido

Semanas que antecederam as eleições diretas foram marcadas por uma clara inversão da tendência de votos em Rangel, o que expõem a diminuição de influência das distritais e concelhias nas eleições internas dos partidos.

Os dados estavam lançados (quase) desde o início. Assim que Rui Rio anunciou que seria recandidato à liderança do PSD, o seu discurso teve sempre como objetivo galvanizar as bases através de um “nós contra eles” tão antigo na política como a própria. O eles, como não poderia deixar de ser, era constituído por Paulo Rangel e os seus apoiantes, na maioria, antigas figuras da estrutura do partido, sobretudo durante os mandatos de Pedro Passos Coelho.

A narrativa foi sempre alimentada por Rio e contrariada por Rangel, que, com frequência, recusou a existência de militantes “não livres” — uma ideia que estava presente no discurso de Rio desde que, no Porto, apresentou a sua candidatura. Além disso, no discurso de “nós contra eles”, inerente ao “eles” existia também uma imagem de “elites”, em oposição ao militante comum do partido — que Rio acreditava estarem do seu lado.

Outro dos pontos defendidos pelo incumbente tinha que ver com os seus níveis mais elevados de preparação para exercer o cargo de primeiro-ministro, algo que ganhou maior importância quando as eleições legislativas antecipadas foram marcadas para 30 de janeiro — votação que Rio sempre categorizou como sendo a mais importante.

Findas as votações e conhecidos os resultados, Hugo Carneiro, secretário-geral-adjunto do PSD, admitiu ao Público que estes pressupostos foram determinantes na vitória de Rio. “Falou sempre para o país durante a campanha e as pessoas acreditaram que ele será melhor primeiro-ministro do que Paulo Rangel.”

Perante o resultado de sábado, Hugo Carneiro também não tem dúvidas que o PSD terá um bom resultado nas eleições de janeiro, garantido que o partido está “preparado” para vencer as eleições e Rio está preparadíssimo para ser primeiro-ministro”. O responsável é da opinião que “estas eleições foram uma grande lição e hoje Rui Rio tem uma credibilidade e uma credibilidade e uma força superior à marca do PSD”.

“O militante de base quer que o presidente do partido ganhe as legislativas e as sondagens, que tanto Rui Rio critica, foram demonstrando que estava melhor preparada para ser primeiro-ministro”, revelou fonte do PSD ao mesmo jornal.

Da parte de Paulo Rangel, há também várias — hipotéticas — justificações para uma derrota que muitos viam, há semanas, como altamente improvável. Primeiramente, os resultados das eleições diretas do PSD são uma prova que as estruturas podem já não ter o peso político que tinham há anos nas eleições do líder. Como era de conhecimento público, Rangel era favorito em praticamente todas as distritais, apesar de algumas movimentações nos dias que antecederam a votação.

Entre as principais surpresas estão o Porto (onde o presidente da distrital, os presidentes das concelhias e até os presidentes de câmara em exercício), Aveiro (onde Salvador Malheiro, diretor de campanha de Rui Rio e presidente da distrital, terá movido mundos e fundos para galvanizar votos no seu candidato) e em Braga (onde os antigos apoiantes de Montenegro não se mobilizaram no mesmo nível por Rangel).

Como nota o Observador, para além de muitas estruturas terem, afinal, não demonstrado o apoio que anteriormente tinham anunciado em relação a Rangel, outras jogaram a favor de Rui Rio.

Outra justificação possível para a derrota de Rangel tem que ver com a ineficácia da campanha que o eurodeputado protagonizou, muito à luz dos princípios que vigoravam antigamente: sessões com os militantes, comícios ou visitas aos hospitais. Rio, por sua vez, focou-se nas suas funções como líder do partido, o que lhe garantia uma cobertura mais abrangente e sistemática por parte da comunicação social. Tal como se reconheceu na sede improvisada de campanha de Rangel na noite de sábado, Rio fez também uma campanha 2.0: tirou partido dos call centers, o que permitiu à sua campanha chegar a todos os militantes.

A última machadada na campanha de Rangel chegou a poucos dias da votação, quando foi publicada uma sondagem da Pitagórica para a CNN, na qual Rui Rio era dado, caso fosse o candidato do PS às legislativas, como empatado tecnicamente com António Costa nas eleições de 30 de janeiro. A perceção de que o poder poderia estar próximo — ou, pelo menos, mais próximo — poderá ter contribuído para unir as bases em torno de Rio, que já se apresentara em vantagem numa sondagem feita pela Católica para a RTP, publicada a 6 de novembro.

ZAP //

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4 Comments

  1. A maioria dos militantes só manifestaram que já não estão dependentes e sujeitos a caciques que apenas se querem promover a si próprios, e passaram a pensar pelas suas próprias cabeças. Rui Rio, além de simpático, mesmo quando é provocado, deve ser um dos poucos políticos competentes e honestos do nosso país.

  2. A Comunicação Social tenta tapar o sol com a Peneira, porque não foi foi só ás Estruturas do PSD que as Bases lhes trocou as voltas e disse quem mandava, Foi Principalmente á Comunicação Social, que investiu fortemente no Rangel

  3. Contem com a posição de Rio. É sério, tem experiência , coloca os interesses do país em primeiro, moderado, calculista e durante o último mandato que teve no Psd aperfeiçoou os seu conhecimentos.Teve 3 mandatos na câmara do Porto e ninguém lhe pode apontar seja do que for.
    Teve um grande mandatário na sua campanha que foi Salvador Malheiro presidente da Câmara de Ovar, prestigiado no seu trato pessoal e com um currículo intelectual de merecidas referências. Não tarda muito que o PSD lhe abra o caminho para um futuro Primeiro Ministro. A candidatura de Rangel foi simplesmente uma passagem que nunca chega aos calcanhares de Rio e que para ser PM é preciso ter uma estrutura em conhecimentos para governar um país senão corrermos o risco de se cometerem erros ou cairmos no amadorismo que se praticou . A vitória de Rio foi merecida e estou certo que ele vai disputar taco a taco as eleições com António Costa. Ao PR de nada lhe valeu receber Rangel quando havia dois elementos na disputa às eleições internas no PSD. Desta vez o PR enganou-se. Rio está em alta a sua credibilidade aumenta , tem muitos simpatizantes e se Salvador Malheiro estiver a seu lado para o apoiar eu até tenho a certeza que Rio vai ganhar.

  4. Fa e Idalécio, têm razão, estou convosco, mas a comunicação social continua a “torpedear” Rui Rio, têm mau perder e não deixam de caluniar o homem que tem muito mais dignidade e classe que eles. Rio é competente e faz-lhes sombra pois esta comunicação social anda ao serviço do PS. Agora viu-se na RTP com a extinção do programa “Sexta às 9” que não convinha nada ao partido nem ao governo.

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