“Aconteceu a coisa mais natural do mundo”. Rangel desdramatiza encontro com Marcelo

5

Fernando Veludo / Lusa

O candidato à liderança do Partido Social Democrata (PSD), Paulo Rangel, durante um encontro com militantes

O candidato à liderança do PSD, Paulo Rangel

Paulo Rangel disse esta quarta-feira à noite que o encontro que teve com o Presidente da República, serviu para apresentar a candidatura a líder do PSD e que se tratou da “coisa mais natural do mundo”.

Na tarde de terça-feira, Marcelo Rebelo de Sousa recebeu o candidato à liderança do PSD. Segundo uma nota divulgada pela Presidência, o encontro terá decorrido a pedido do eurodeputado social-democrata.

O encontro não agradou a Rui Rio, que na na manhã desta quarta-feira disse que a reunião, que alegadamente serviu para discutir a data das eleições legislativas, não só é “estranho” como “não é minimamente aceitável” e “condiciona o país às diretas do PSD”.

Contudo, Marcelo Rebelo de Sousa sacudiu as críticas de Rui Rio, alegando que ter a audiência com Rangel antes da votação do OE “era a melhor altura”.

Aconteceu a coisa mais natural do mundo. Assim que eu apresentei a minha candidatura ao PSD, e só depois de o fazer, pedi uma audiência ao Presidente para explicar que era candidato a líder e quais eram as razões para o ser. O senhor Presidente agendou para o dia de ontem [quarta-feira] e eu fui fazer essa apresentação. Era a minha obrigação e penso que achou isso natural”, justificou Rangel em entrevista à RTP3, negando que tenham sido discutidas alegadas datas para as eleições legislativas.

“Não é normal que um Presidente queira ouvir todas as pessoas que quiser e ouvir os atores políticos? É um líder de um partido que vai dizer quem o Presidente pode ouvir ou não e em que dias?”, questionou o candidato.

“Se alguém se quer vitimizar ou fazer disto um grande caso, é alguém que não está a olhar para os problemas do país”, referiu, numa crítica direta ao líder social-democrata.

No dia em que o Orçamento do Estado (OE) para 2022 foi chumbado, Paulo Rangel disse que não lhe compete marcar datas de eleições e que acha “pouco comum” líderes partidários pressionarem o Presidente da República para que o faça.

“O PSD não está em estado de emergência nem em estado de exceção. Consegue fazer o seu processo eleitoral interno até ao dia 4 de dezembro, eventualmente com antecipação do congresso, que acho altamente recomendável”, referiu o eurodeputado, lembrando que já era defensor desta antecipação desde meados de outubro.

Depois do chumbo do OE2022, o eurodeputado considerou “altamente provável” que a possibilidade de eleições antecipadas se concretize. “O facto que nós temos é apenas a reprovação da proposta de lei do Orçamento. Tendo em conta todo o panorama político que está à volta, tenho muito poucas dúvidas que vai conduzir à dissolução do Parlamento e esta à convocação de eleições legislativas antecipadas logo a seguir a isso”, disse.

Paulo Rangel afirmou que o que ficou claro neste processo foi a rutura da “geringonça, muito por culpa do Partido Socialista”. “Se há um culpado pela crise política é António Costa e o partido que este lidera, que criou uma ilusão que havia diálogo possível com partidos da extrema-esquerda e da esquerda radical”, apontou.

O candidato disse ainda que, ao “contrário de outros”, como Rui Rio, acha que o Governo fez bem em não se demitir perante a possibilidade de eleições antecipadas. “Acho que é melhor ter um Governo em funções até às eleições do que ter um Governo demitido”, disse.

Paulo Rangel insiste que não haverá um “pântano” político se for eleito líder do PSD porque tem um “projeto para restaurar a vocação maioritária do PSD”.

O eurodeputado defende que “o PSD se deve apresentar sozinho em eleições em 2022″ e que vai “pedir uma maioria estável, se puder ser maioria absoluta tanto melhor, se tivermos ser liderantes de um Governo que tenha [outras forças] é o que faremos”. Rangel admite que possa mudar de opinião se o Congresso do PSD o convencer do processo.

Voltando a excluir o Chega, o candidato à liderança do PSD diz que “o CDS é o partido tradicionalmente parceiro”, mas também reconhece na Iniciativa Liberal “uma força política com quem podemos ter uma plataforma de Governo“, lamentando que a IL não tenha feito parte dos Novos Tempos de Carlos Moedas. “Vamos falar com essas duas forças. Com o CDS vai ser mais fácil, mas a IL também tem ideias interessantes”.

ZAP //

Siga o ZAP no Whatsapp

 

 

5 Comments

  1. Que diria Rangel se o presidente não o tivesse recebido, argumentando que tal não seria oportuno neste momento, pois poderia ser entendido como uma interferência na vida interna do PSD. Também não seria a coisa mais natural do mundo?

    • Muito bem muito bem … Aí está o grande salvador dos programas de domingo á tarde. Com intelectuais destes estamos garantidos num futuro governo. Paga Zé!

    • Um “agitador” que vem de um escritório de advogados, com muitos interesses escondidos…
      Há um ano apoiava incondicionalmente o Rui Rio; agora trata-o como se ele fosse o Sócrates!…

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.