O dirigente do PSD defendeu, esta segunda-feira, que o partido “está preparado” para legislativas antecipadas, defendendo que estas devem ocorrer “o mais rapidamente possível”.
Em declarações à agência Lusa, o presidente da Mesa do Congresso e do Conselho Nacional do PSD não quis pronunciar-se sobre os calendários internos do partido, mas disse discordar da visão de que ter umas diretas marcadas para muito perto (4 de dezembro) de eventuais legislativas possa beneficiar o partido.
“Parece-me claro que entre a perceção no eleitorado de divisão interna e de falta de unidade, por um lado, e, por outro lado, a legitimação, a primeira é aquela que marca mais”, defendeu Paulo Mota Pinto, dizendo haver precedentes de outros partidos que mudaram de líderes “pouco antes de eleições” e as perderam.
Questionado sobre a probabilidade de uma crise política, com o chumbo anunciado do Orçamento do Estado para 2022, o dirigente começou por salientar que a direção do PSD “já tinha antecipado esta possibilidade séria”.
“Revela que esta fórmula de Governo do PS, ancorado no apoio do PCP e do BE, é uma solução que não só não trazia desenvolvimento e crescimento económico, mas além disso é uma solução incapaz de garantir estabilidade“, afirmou o apoiante de Rui Rio, apontando um “esgotamento” desta fórmula governativa.
Por outro lado, defendeu, “a responsabilidade desta situação é, em primeiro lugar do PCP e do BE, que provocarão a reprovação do Orçamento, mas também, em igual medida, do PS, que colocou o país na dependência do acordo desses partidos para governar”.
“O PSD está preparado para eleições antecipadas, vem-se a preparar há bastante tempo, tem um programa, esta direção criou uma estrutura, o Conselho Estratégico Nacional, que integra centenas de pessoas e já produziu muitas páginas de propostas”, disse.
Mota Pinto defendeu ainda que “o PSD já foi responsável por evitar a maioria absoluta do PS em 2019” e disse concordar “com o diagnóstico do Presidente da República que, a terem lugar, as eleições devem ser o mais rapidamente possível para esclarecimento da situação”.
Questionado se o calendário interno do PSD pode ou não dificultar a campanha do partido nas legislativas, Mota Pinto disse não querer comentar as diretas, mas salientou que “quem alertou para a irresponsabilidade de aventureirismo de abrir já o processo eleitoral tinha razão”, numa referência ao presidente do PSD e recandidato ao cargo.
“No Conselho Nacional, houve pessoas que não acreditaram neste cenário e disseram que era teatro, outras talvez acreditassem, mas queriam muito eleições e viram talvez uma oportunidade de tentar chegar ao poder o mais rapidamente possível”, afirmou.
Questionado se poderá haver nova tentativa de alterar o calendário eleitoral interno num novo Conselho Nacional, Mota Pinto recusou pronunciar-se sobre este tema.
Rangel reforça importância de ter líder “fortemente legitimado”
Por sua vez, o candidato à presidência do PSD, Paulo Rangel, afirmou que a “irresponsabilidade do PS pode deixar o país sem rumo”, reiterando que tal implica que o seu partido tenha um líder “fortemente legitimado”.
“A irresponsabilidade do PS pode deixar o país sem rumo. A haver crise política, temos de corresponder ao que os portugueses esperam de nós. Estar preparado para qualquer cenário impõe também estar fortemente legitimado para todas as eventualidades”, escreveu no Twitter.
Rangel publicou um vídeo da sua intervenção de domingo, num comício de campanha no Porto, no qual já tinha abordado o tema do calendário eleitoral interno no PSD. O eurodeputado referiu que o calendário aprovado é o “único” que serve o PSD e anunciou que, caso vença as eleições diretas e ocorra uma crise política, criará um “grupo de trabalho para preparar as bases do programa eleitoral”, que seriam anunciadas no congresso.
Nesta ocasião, Rangel já tinha defendido que o PSD “não pode, não deve e não irá a eleições antecipadas sem um líder legitimado”.
Recorde-se que, a 14 de outubro, o Conselho Nacional do PSD chumbou (com 71 votos contra e 40 a favor) uma proposta da direção para suspender a marcação do calendário eleitoral interno, proposto na véspera pela própria Comissão Política Nacional, e avançou para a marcação de eleições diretas a 4 de dezembro e o congresso entre 14 e 16 de janeiro.
ZAP // Lusa