Uma igreja da ilha Terceira recebeu um espetáculo de “dança oriental” promovido pela Direção Regional da Cultura dos Açores, numa iniciativa a que faltou “bom senso”, considerou o bispo de Angra e reconheceu hoje o presidente do executivo regional.
“Realmente, acho que devia ter havido mais bom senso e mais cuidado nesta matéria”, disse hoje o presidente do Governo dos Açores, Vasco Cordeiro, em declarações aos jornalistas em Ponta Delgada.
No domingo, tinha sido a vez de o bispo de Angra, António de Sousa Braga, expressar o seu desagrado por causa do espetáculo de dança do ventre que teve lugar na igreja de Nossa Senhora da Guia, no Convento de São Francisco, a 30 de agosto.
O convento faz parte do Museu de Angra do Heroísmo e é propriedade do Governo Regional, mas a igreja está aberta ao culto e o seu uso está entregue à Ordem Franciscana Secular, que aí celebra “atos litúrgicos” e “outras celebrações religiosas”, como explica um texto publicado no portal da Diocese de Angra.
“O problema é que não é a primeira vez que uma iniciativa infeliz, como essa, acontece. Há algum mal-entendido na utilização da igreja, ou então mau gosto e falta de bom senso, pois espero que não seja uma provocação”, disse o bispo António de Sousa Braga, na homília da missa de domingo na Sé de Angra, citado no mesmo texto publicado no portal da diocese.
O bispo sublinhou que “tem de haver respeito pelas normas em vigor para a utilização das igrejas abertas ao culto, mesmo que sejam propriedade do Estado”, acrescentando que um espaço destes e com esse uso “não é compatível com qualquer tipo de manifestações culturais”.
Segundo o mesmo texto publicado no portal da Diocese de Angra, o bispo pediu à Comissão Diocesana para os Bens Culturais para entrar em contacto com o executivo regional para “estabelecer procedimentos que garantam o devido respeito a um lugar de culto religioso”.
Se isso não acontecer, o bispo “seria forçado a não permitir que se continuem a celebrar atos de culto no local, o que contraria o percurso histórico feito até agora, bem como os protocolos assinados e as próprias orientações da Concordata do Estado português com a Santa Sé”, segundo o mesmo texto.
Também a Ouvidoria da ilha Terceira enviou esta semana um “protesto” ao presidente do executivo regional pela “realização deste espetáculo num lugar de culto”, ainda segundo o portal da Diocese de Angra.
O espetáculo “Segredos do Médio Oriente” teve lugar a 30 de agosto no coro da Igreja de Nossa Senhora da Guia e foi protagonizado por Telma Nurr, que já participou em vários festivais de dança na Europa e no Brasil e foi uma das representantes de Portugal no projeto da Unesco (organização das Nações Unidas para a Educação e Cultura) “Let’s Dance Together”, segundo divulgou a Direção Regional da Cultura dos Açores numa nota de imprensa divulgada em agosto.
/Lusa
Muito me admira as instâncias menores da Igreja não terem observado o que é óbvio. Isso mostra muita falta de zêlo para com aquela que dizem acreditar. Que tempos serão esses?
Lá está a igreja a atrasar o desenvolvimento humano outra vez. Deixem de ser beatos atrasados e acolham as outras culturas.
Os senhores não devem ter nada para fazer! É um ato de manifestação cultural e está tudo dito. Tanto silêncio em relação a outras matérias muito mais importantes e que se passam dentro da própria igreja.
Tentem ir dançar o “Vira” ou o “Tango” numa mesquita !…
A igreja de Nossa Senhora da Guia é propriedade do Estado, que é republicano e LAICO, pelo que não faz qualquer sentido esta polémica.
Não sei até que ponto se deve dar tanto ênfase a esta notícia. Já lá houve outras atuações de outras culturas como por exemplo samba, danças caboverdianas, etc.
A cúpula da Igreja preocupa-se com esta situaão, mas não vi nehuns comentários quando venderam templos que hoje são bares de alterne ou boites, etc. Moralidade sim senhor mas é preciso olhar primeiro para dentro de porta…