A China rejeitou o pedido da Organização Mundial de Saúde (OMS) para voltar a analisar as origens da covid-19, acusando a organização de estar a ser motivada por questões “políticas”.
A visita de uma equipa de especialistas da OMS à cidade chinesa de Wuhan, em janeiro, mostrou-se inconclusiva quanto à origem do novo coronavírus. Por isso, avança a agência France-Presse, esta quinta-feira, a organização pediu ao país que partilhe os dados em bruto dos primeiros casos de covid-19 para reavivar a sua investigação.
A China já respondeu, reafirmando a sua posição de que a investigação inicial foi suficiente e que esse pedido para obter mais dados foi motivado por questões “políticas” e não “científicas”.
O relatório da primeira missão da OMS, publicado em abril, apontou quatro possíveis origens, ressalvando que a de um acidente de laboratório era a menos provável. No entanto, a própria organização passou nas últimas semanas a dar maior destaque a essa possibilidade.
O gigante asiático insiste que a investigação sobre a origem da covid-19 deve ser alargada a outros países, reiterando que a teoria de que o vírus saiu de um laboratório de Wuhan é “extremamente improvável”.
“Nenhum país tem o direito de colocar os seus interesses políticos à frente da ciência”, apontou o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, Ma Zhaxou, numa conferência de imprensa, esta sexta-feira, reagindo à pressão dos Estados Unidos para que o Instituto de Virologia de Wuhan seja investigado.
O chefe da equipa de especialistas chineses que investigaram a origem do novo coronavírus, Liang Wannian, indicou que a “próxima fase das investigações deve ser assim realizada em outros países“.
Liang apontou a teoria de que o vírus pode ter chegado ao mercado Huanan, em Wuhan, onde o primeiro surto de covid-19 foi detetado, “através de alimentos congelados importados”.
Esta semana, a imprensa oficial chinesa lançou uma ofensiva em grande escala a relacionar outros países com a origem da covid-19, incluindo Espanha, Itália, França ou EUA.
“Se não quisermos abandonar essa teoria do laboratório, devemos também investigar outros centros, como [o laboratório do exército norte-americano] Fort Detrick, mas acreditamos que o relatório da OMS, que considera uma fuga altamente improvável, deve ser respeitado”, disse Ma.
A imprensa chinesa chegou a citar um biólogo suíço chamado Wilson Edwards, que denunciou a politização da pandemia contra a China, mas que a embaixada Suíça na China disse não existir.
As notícias da imprensa estatal chinesa citaram a conta de Edwards no Facebook, entretanto excluída, na qual o biólogo inexistente criticou os EUA e a OMS por pressionarem a China a permitir uma investigação mais aprofundada ao laboratório em Wuhan.
ZAP // Lusa
Coronavírus / Covid-19
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