Contornando as críticas de Nuno Melo, o presidente do CDS-PP, Francisco Rodrigues dos Santos, advertiu esta terça-feira que a “única reflexão que se impõe” ao partido é ser alternativa ao PS.
Francisco Rodrigues dos Santos foi esta terça-feira a São João da Madeira para presidir à sessão de encerramento das jornadas parlamentares do CDS. Num discurso cheio de críticas ao Governo, o líder centrista preferiu ignorar as farpas de Nuno Melo, afirmando que a “única reflexão que se impõe” ao partido é ser alternativa política ao PS.
Ao contrário do eurodeputado, o líder do CDS defendeu que “faz todo o sentido que o partido observe o futuro e coloque a importância na necessidade” de estar “na liderança da oposição do PS“.
“Tenho a certeza absoluta de que esta é a única reflexão que se impõe a todo o partido, e sobretudo, a um instrumento fundamental da ação política do CDS-PP, como é a nossa bancada parlamentar”, disse, citado pelo Público.
Rodrigues dos Santos só referiu o nome de Nuno Melo quando falou do caso dos dois irmãos de Famalicão, “a terra de Nuno Melo”, que reprovaram por não terem frequentado as aulas de cidadania.
No seu discurso, apelou ao ministro da Educação, Tiago Brandão Rodrigues, para deixar “as crianças em paz”, afirmando que são “dois brilhantes alunos”.
Com alguma ironia, o líder do CDS quis destacar o trabalho dos cinco deputados que o partido elegeu e mencionou o nome de cada um deles. Em relação a João Almeida, que foi seu adversário na corrida à liderança do partido, foi mais longe garantindo-lhe que contará com a direção na sua campanha à presidência da Câmara de São João da Madeira.
Almeida tem pela frente um “desafio difícil”, disse Rodrigues dos Santos, considerando, porém, que é “a pessoa indicada para liderar o centro direita a uma vitória eleitoral”.
Francisco Rodrigues dos Santos chegou ao hotel onde decorreram as jornadas parlamentares do CDS na companhia de alguns elementos da sua direção e o clima era claramente tenso. No final do discurso, o líder apressou-se a sair, tendo recusado também falar aos jornalistas.
Na segunda-feira, num jantar no âmbito das jornadas em que foi convidado para falar sobre “Os desafios da Oposição”, o eurodeputado centrista acusou a direção do partido de “entrincheiramento” e de “atacar os seus”, e defendeu que o esforço para agregar o partido tem de partir “do topo para a base”.
Nuno Melo falou num “entrincheiramento diretivo” e defendeu que “um partido não pode desvalorizar saída de militantes, um partido não pode estar concentrado em ajustes de contas e purgas para dentro tendo a pretensão de ser simultaneamente eficaz para fora”, numa crítica à reação do presidente do partido à desfiliação do antigo deputado Francisco Mendes da Silva.
ZAP // Lusa