Um grupo de tripulantes de cabine da TAP escreveu uma carta a Pedro Nuno Santos, ministro das Infraestruturas, na qual dizem temer que o processo de despedimento coletivo avance em julho e que já saíram mais trabalhadores do que o apontado excesso de 746 tripulantes.
O Expresso avança que a missiva seguiu esta segunda-feira para o gabinete de Pedro Nuno Santos e, nela, o grupo de tripulantes alerta para a situação que vivem e explicam o que consideram ser um inaceitável processo em que estão envolvidos.
“Somos, neste momento, cerca de 31 tripulantes ainda envolvidos neste processo, desde comissários e assistentes de bordo, chefes de cabine e supervisores. No grupo encontram-se desde grávidas e lactantes a pessoas com mais de 30 anos de ‘casa’, grande parte mulheres com filhos a cargo e de famílias monoparentais”, lê-se na carta.
O semanário escreve que os tripulantes defendem que já foi atingido em saídas o número de tripulantes inicialmente pretendido pelo Governo.
“De acordo com a nossa contabilização (oficialmente nunca nos foi mostrada lista alguma) neste momento, já tinha sido atingido, e mesmo ultrapassado, o número de saídas pretendidas. A TAP afirmou ter um excedente de 746 tripulantes. O Acordo de Empresa de Emergência poupou 440 saídas, sendo ainda necessário sair 306 tripulantes. Neste momento já saíram 311 pessoas (87 supervisores de cabine, 116 chefes de cabine e 107 comissários/assistentes de bordo)”, explicam.
Além disso, queixam-se dos pressupostos apontados para os eleger e levantam dúvidas sobre a legitimidade e legalidade do algoritmo criado pela consultora Boston Consulting Group (BCG), que está a assessorar a empresa de aviação neste processo.
“Os pressupostos que levaram às convocatórias são por nós desconhecidos, à exceção de um alegado algoritmo definido pela TAP ou pela Boston Consulting Group (BCG) sem autorização expressa para o acesso aos nossos dados pessoais (nenhum contrato de trabalho dá autorização para terceiros terem acesso aos nossos dados pessoais)”, afirmam.
“Os critérios desse algoritmo, segundo fomos informados verbalmente, seriam sanções disciplinares a partir de 2006, faltas injustificadas entre os anos de 2017 e 2019, faltas justificadas nos mesmos anos, antiguidade na função, antiguidade na empresa e custo relativamente à média salarial dos pares”, escrevem, acrescentando que o que lhes explicaram por escrito é que a seleção está relacionada com “o contrato da Rescisão por Mútuo Acordo e informação com os valores dos créditos laborais“.
“O que estamos a viver desde meados de abril é de extrema violência psicológica, discriminação e violação de direitos básicos enquanto trabalhadores”, sublinham, alertando que o tempo até à formalização do processo de despedimento coletivo, que se prevê ter início a partir de julho, está a terminar.