Esta segunda-feira, à chegada à cimeira da NATO, o primeiro-ministro português, António Costa, pronunciou-se pela primeira vez sobre a polémica dos dados pessoais de ativistas anti-Putin enviados às autoridades russas pela Câmara Municipal de Lisboa.
À chegada ao quartel-general da NATO, em Bruxelas, António Costa desvalorizou a polémica que envolve a Câmara Municipal de Lisboa afirmando que “ninguém me vai pedir explicações sobre processos administrativos, porque ninguém tem dúvidas sobre a posição de Portugal em relação à Rússia”.
Questionado sobre se estava preparado para dar explicações aos seus Aliados sobre a transmissão de informações sensíveis a Moscovo por parte da CML, o primeiro-ministro disse estar seguro de que tal não sucederá, e invocou mesmo os tempos conturbados do PREC (Processo Revolucionário em Curso), após o 25 de abril de 1974, como argumento.
“Já ninguém teve dúvidas quando, durante o PREC, qual foi a posição que Portugal e a maioria dos portugueses tomaram, quando em plena guerra fria estava em causa saber de que lado nos colocávamos. Essa é uma dúvida que felizmente não existe“, respondeu.
Este foi o único comentário do governante, que, segundo o Expresso, não se alongou nos comentários ao caso que envolve um grupo de ativistas russos anti-Putin, que viram dados pessoais serem partilhados, pela Câmara de Lisboa, com a embaixada da Rússia em Portugal.
Os chefes de Estado e de Governo da NATO reúnem-se esta segunda-feira no quartel-general da Aliança Atlântica, em Bruxelas, para “reforçar o laço transatlântico”, abordar os desafios criados por China e Rússia, e projetar o futuro da Aliança num mundo de “competição global”, naquela que é a primeira cimeira com a participação do novo Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden.
Entre os temas que os Aliados abordarão estará o “comportamento agressivo da Rússia“, numa altura em que prossegue a polémica em Portugal em torno da transmissão, pela autarquia lisboeta às autoridades russas, dos dados pessoais – nomes, moradas e contactos – de três ativistas russos que organizaram em janeiro um protesto, em frente à embaixada russa em Lisboa, pela libertação de Alexey Navalny, opositor do Governo russo.
O presidente da Câmara de Lisboa, Fernando Medina, admitiu que foi feita a partilha de dados pessoais dos três ativistas, pediu “desculpas públicas“, assumiu que foi “um erro lamentável que não podia ter acontecido” e anunciou que pediu uma auditoria sobre a realização de manifestações no município nos últimos anos.
O caso originou uma onda de críticas e pedidos de esclarecimento da Amnistia Internacional e de partidos políticos, além de Carlos Moedas, candidato do PSD à Câmara de Lisboa, ter pedido a demissão de Fernando Medina.
O embaixador da Rússia em Portugal já assegurou que a embaixada eliminou os dados dos manifestantes do protesto contra o governo de Putin realizado em Lisboa, frisando que as informações não foram transmitidas a Moscovo.
Liliana Malainho, ZAP // Lusa
As questões que se colocam são:
– Estão os nossos dados em segurança quando entregues ao Estado Português (neste caso considerem, ainda que erradamente, as autarquias enquanto Estado)?
– Quem nos assegura que após estes episódios da CML e, no passado recente, dos dados do CENSOS terem andado pelos EUA, que isto não é apenas a ponta de um enorme iceberg?
– Haverá demissões, em função da gravidade da situação?
– Esta situação já era prática quando o atual primeiro-ministro era presidente da CML?
– O atual presidente da CML atrapalhou-se todo nas explicações que deu e até já foi desmentido pelo próprio site da CML. Perante isto, quando se demite? Pior do que o ato em si, está a ser a tentativa de desvalorizar (primeiro fazendo referência a uma lei antiga que nem era propriamente adequada à situação) e depois de mentir deliberadamente sobre o momento em que teve conhecimento e em que as práticas da CML foram alteradas.
– O atual presidente da CML pode ainda esclarecer de uma vez por todas o que aconteceu em concreto na venda da sua casa e na compra do novo apartamento. Nunca percebi essa de o imóvel que vendia valorizar imenso e o que comprava, extamente no mesmo momento, desvalorizar substancialmente. Sobretudo pelo que depois se veio a saber, nomeadamente quem era o proprietário do imóvel que acabou por comprar e alguns ajustes diretos realizados pela CML. Nunca vi nenhum esclarecimento digno sobre esta matéria e ficou sempre uma enorme suspeita no ar. A bem da sua imagem, venha esclarecer esta situação. Caso contrário, tiraremos as ilações que decorrem das notícias publicadas à altura e nunca desmentidas / contextualizadas pelo presidente da CML.
Para as questões que não foram respondidas, existe uma razão: O marxismo continua no PS. Essa é a verdade!
Só com este governo é que o presidente da CML não se demite. Mas devia.