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Bielorrússia diz ter recebido ameaça do Hamas. UE promete “resposta muito forte”

As autoridades bielorrussas afirmaram, esta segunda-feira, que o voo da Ryanair desviado para o aeroporto de Minsk, com um opositor político a bordo, foi ameaçado num email reivindicado pelo movimento islâmico Hamas.

“Nós, soldados do Hamas, exigimos que Israel termine os ataques ao setor de Gaza. Exigimos à União Europeia que termine o seu apoio a Israel (…) Caso as nossas reivindicações não sejam satisfeitas, uma bomba explodirá [a bordo do avião da Ryanair] sobre Vílnius”, citou Artem Sikorski, diretor do transporte aéreo no Ministério dos Transportes bielorrusso, esclarecendo que lia uma tradução em russo da mensagem recebida em inglês.

Igor Goloub, comandante da Força Aérea bielorrussa, também disse esta segunda-feira que o comandante do voo da Ryanair decidiu aterrar em Minsk “sem interferência externa”, após ter sido informado da ameaça de bomba, rejeitando assim a tese de desvio.

Roman Protasevich, de 26 anos, antigo chefe de redação do influente media da oposição bielorrusso Nexta e que seguia a bordo do aparelho, foi detido após a chegada do avião a Minsk. Desde novembro que era considerado um “terrorista” pelas autoridades da Bielorrússia.

Entretanto, a porta-voz do ministério do Interior bielorrusso anunciou que o opositor está em prisão preventiva num estabelecimento prisional de Minsk e que “não se registaram queixas sobre o seu estado de saúde”.

Ao início da noite, a mãe do opositor tinha afirmado a diversos media bielorrussos que o seu filho estaria provavelmente hospitalizado devido a problemas cardíacos. “Essas informações são falsas”, reagiu o ministério.

Os países ocidentais e os membros da NATO, incluindo o Governo português, já condenaram o desvio do avião, assim como a detenção de Protasevich, e aludiram à aplicação de sanções e outras medidas contra o Governo bielorrusso.

“Esta noite teremos certamente um enfoque nas relações externas e haverá um enfoque muito forte no sequestro absolutamente inaceitável de um voo da Ryanair pelas autoridades bielorrussas”, declarou a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, à chegada à cimeira extraordinária que junta os líderes da União Europeia.

Haverá uma resposta muito forte porque este é um comportamento ultrajante e o regime de Lukashenko tem de compreender que isto terá consequências graves”, garantiu a presidente do Executivo comunitário.

Segundo von der Leyen, em cima da mesa estão “diferentes opções de sanções”, entre as quais “sanções contra indivíduos que estão envolvidos neste sequestro”, mas também “sanções contra empresas e entidades económicas que estão a financiar estes regimes” e “sanções contra o setor da aviação”.

Para a alemã, o jornalista e ativista “tem de ser libertado imediatamente“, razão pela qual a UE vai “exercer pressão sobre o regime bielorrusso até que, finalmente, respeite a liberdade dos meios de comunicação social e a liberdade de imprensa e de opinião”.

Nesta declaração, a responsável disse ainda que a UE tem “um pacote económico e de investimento de três mil milhões de euros pronto para a Bielorrússia que fica em espera e suspenso até esta se tornar democrática”.

A União Europeia já convocou o embaixador da Bielorrússia em Bruxelas, Aleksandr Mikhnevich.

Diplomatas da embaixada da Letónia expulsos de Minsk

“O embaixador da Letónia foi convidado a deixar o país dentro de 24 horas. Todo o pessoal diplomático, administrativo e técnico da embaixada também está convidado a deixar a Bielorrússia dentro de 48 horas”, disse o ministro dos Negócios Estrangeiros, Vladimir Makei, citado pela agência de imprensa oficial Belta.

A Letónia apenas poderá manter um funcionário em Minsk para “assegurar a manutenção do edifício” da embaixada, esclareceu o Governo bielorrusso.

Em Riga, onde se realiza o campeonato do mundo de hóquei, o presidente da Câmara da capital da Letónia, Martins Stakis, e o ministro dos Negócios Estrangeiros, Edgars Rinkevics, substituíram a bandeira nacional da Bielorrússia pela bandeira vermelha e branca, usada pela oposição, de acordo com a agência bielorrussa.

Suspensão de operações no espaço aéreo bielorrusso

A Lituânia anunciou que vai proibir voos, de ou para o seu território, que cruzem o espaço aéreo bielorrusso. O Reino Unido também já interditou a companhia aérea nacional da Bielorrússia, a Belavia, e instruiu aeronaves do Reino Unido a evitar o espaço aéreo deste país.

A companhia aérea alemã Lufthansa também anunciou a suspensão das suas operações no espaço aéreo da Bielorrússia.

A Organização Internacional da Aviação Civil (ICAO) anunciou, entretanto, que vai reunir de emergência o seu corpo diretivo esta quinta-feira.

“O presidente do Conselho da ICAO convocou uma reunião de emergência dos 36 representantes diplomáticos do Conselho a 27 de maio, após o incidente envolvendo o voo FR4978 da Ryanair no espaço aéreo da Bielorrússia”, publicou no Twitter a agência, com sede em Montreal, no Canadá.

ZAP // Lusa

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