Esta quinta-feira, no primeiro dia do julgamento, Evaristo Marinho confessou ter disparado seis tiros em direção a Bruno Candé, no dia 25 de julho do ano passado.
Evaristo Marinho confessou ao Tribunal de Instrução Criminal de Loures ter disparado seis tiros contra Bruno Candé. “Quando vi o riso dele em tom de gozo perdi a cabeça”, disse, citado pelo jornal Público.
A juíza Sara Pina Cabral, presidente do coletivo, perguntou se o ator tinha dito alguma coisa antes, mas Evaristo Marinho respondeu que não. “Passei-me dos carretos”, afirmou, explicando que disparou em direção a Bruno Candé, que estava sentado a cerca de metro e meio de distância; ao primeiro tiro, o ator “tombou”; os outros foram disparados depois.
Questionado sobre qual era o objetivo, disse apenas: “Não sei responder.”
A juíza perguntou, então, o que tinha Evaristo a dizer. “Apenas tenho a lamentar tudo o que se passou. Ninguém tem o direito de tirar a vida a ninguém. Foi uma coisa que aconteceu muito bruscamente”, disse o auxiliar de ação médica reformado.
Em tribunal, o arguido negou qualquer acusação de racismo. Segundo o diário, pegou nas cópias da acusação do Ministério Público e disse: “Isto é tudo uma aldrabice completa, a começar pelo inspetor da PJ que meteu palavras na minha boca que eu não disse.”
A juíza citou algumas frases descritas no despacho do MP, que afirma que o homicídio foi “determinado por ódio racial”: “Vai para a tua terra, preto!”; “Tens toda a família na sanzala e devias também lá estar”; “Fui à c*** da tua mãe e daquelas pretas todas! Eu violei lá a tua mãe!”; “Anda cá, que levas com a bengala, preto de merda!”
Fábio Gaspar, uma testemunha no local, disse em tribunal que presenciou a discussão de Evaristo Marinho com Bruno Candé uns dias antes da morte e que o ouviu ameaçar que o matava.
Fábio Gaspar chegou até a agarrar Evaristo Marinho, porque estava “exaltado”. “Tive que o agarrar bem porque o homem estava com muita força.”
A dona da loja de roupa em frente ao local do crime também presenciou, cerca de um mês antes, Evaristo Marinho a usar as mesmas expressões contra Bruno Candé.
Em relação à arma do crime, o arguido disse que a tem há mais de 20 anos e que a limpa de seis em seis meses. A arma estava guardada numa mala dentro do armário com um código e, antes de sair de casa no sábado em que disparou contra Candé, colocou-lhe seis balas.
A intenção não era matar, “aconteceu“. Questionado sobre o motivo que o levou a colocar seis balas na arma, respondeu: “Não sei”.