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Há estranhas rádios-fantasma na Rússia (e exploradores entraram numa delas)

Aos 14 anos, um jovem comprou um rádio de ondas curtas e estava a testá-lo quando encontrou a transmissão errada – uma rádio fantasma.

Imagine que é um entusiasta da rádio, sozinho à noite, a trabalhar no espectro do rádio quando se depara com uma transmissão num canal de ondas curtas desativado, onde normalmente não haveria nada além de estática. A transmissão é uma melodia – ou um zumbido – ou, às vezes, um desenho animado a falar, seguido por uma série de números lidos por um humano ou voz sintetizada.

Para o engenheiro de software Chris Smolinski, de Baltimore, isto não era apenas uma hipótese. Aos 14 anos, conta o IFLScience, tinha acabado de comprar um rádio de ondas curtas e estava a testá-lo quando encontrou a transmissão errada.

“Estava a sintonizar estações como a BBC e a Rádio Moscovo, e então um dia descobri alguém a ler números”, contou Smolinski, em declarações ao Miami New Times.

Smolinski começou a documentar os números que ouvia na estação e outros ao longo de 20 anos antes de finalmente receber uma resposta.

A estação que ouvira – segundo a teoria prevalecente na maioria das estações de números – transmitia mensagens codificadas, destinadas às pessoas que saberiam descodificá-las do outro lado.

Essas mensagens particulares foram enviadas por Cuba, destinadas a espiões no campo.

A vantagem de enviar as mensagens desta forma é que, embora se possa descobrir de onde vem o sinal, é quase impossível descobrir a quem se destinam e quem as está a receber.

A desvantagem – como Cuba descobriria – é que quando alguém intercetasse o criptograma, conseguiria continuar a desvendar as mensagens a partir daí.

Algumas das mensagens, que seriam reveladas num processo judicial pelo FBI, seriam “priorizar e continuar a fortalecer a amizade com Joe e Dennis” e “sob nenhuma circunstância, os [agentes] German ou Castor devem voar com o BTTR ou outra organização em dias 24, 25, 26 e 27”.

Estas estações existem desde a I Guerra Mundial, embora tenham sido mais prolíficas no auge da Guerra Fria. Por vezes, transmitiam programação, outras aparentemente de forma aleatória, assustavam as pessoas em todo o mundo, não se limitando a um único idioma.

Uma teoria particularmente alarmante sobre uma estação numérica – “MDZhB”, também conhecida como “UVB-76” e “The Buzzer” – é que está a ser usada como um sinal de “Mão Morta”. A estação transmite um tom monótono constante, interrompido a cada poucos segundos por um som semelhante ao de uma sirene de nevoeiro e, ocasionalmente, por uma voz russa emitindo mensagens como “Ya UVB-76, Ya UVB-76. 180 08 BROMAL 74 27 99 14. Boris, Roman, Olga, Mikhail, Anna, Larisa. 7 4 2 7 9 9 1 4”.

A teoria da “Mão Morta” sugere que só se precisa de preocupar quando o sinal pára. Se estiver correto, o monótono está lá como uma espécie de alarme “está tudo bem”. Se o sinal cessar durante um certo período de tempo por causa de um ataque nuclear, uma resposta nuclear automática seria acionada.

A estação começou a transmitir na era soviética, mas não terminou com a sua queda. Na década de 1990, os entusiastas do mistério ouviram atentamente e perceberam que conseguiam ouvir as pessoas ao fundo, conversando baixinho.

O tom, que continua até hoje, não é uma gravação, mas um som ao vivo produzido por um microfone colocado perto de um altifalante.

Em novembro de 2001, os amadores ouviram uma pessoa a falar em russo. Noutras alturas, o tom parou para tocar uma parte do Lago dos Cisnes.

Em 2010, as conversas eram cada vez mais ouvidas até que, um dia, pararam. O silêncio durou pouco tempo. A estação tinha sido transferida da remota vila russa de Povarovo para outro local.

Isso deu a alguns investigadores corajosos a oportunidade de fazer uma visita ao redor da estação. Um explorador russo encontrou um diário de bordo militar que parecia confirmar que a estação estava a transmitir mensagens do estado russo, enquanto outros capturaram algumas fotografias de uma base militar degradada, que parece que poderia ter sido abandonada há muito tempo.

Maria Campos, ZAP //

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