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“Deixem os corpos empilhar-se”. Boris debaixo de fogo após suposto comentário contra novo confinamento

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Andy Rain / EPA

O primeiro-ministro Boris Johnson está debaixo de fogo após terem sido divulgadas supostas declarações comprometedoras. O líder terá dito que preferiria ver “corpos empilhados” do que um terceiro confinamento.

O primeiro-ministro do Reino Unido enfrentou uma pressão crescente na noite desta segunda-feira devido às alegações de que disse que preferia ver corpos amontoados do que impor um terceiro confinamento.

Relatados pela primeira vez pelo jornal britânico Daily Mail, os supostos comentários de Boris terão sido feitos depois de este se sentir forçado a concordar com um confinamento de quatro semanas em novembro. Nessa altura, o primeiro-ministro terá avisado que nunca mais apoiaria outro confinamento nacional.

A frase proferida pelo líder britânico terá sido: “Chega de confinamentos de m**** – deixem os corpos empilhar-se aos milhares”.

O Daily Mail não revelou fontes, relatando apenas que o ex-braço direito do primeiro-ministro, Dominic Cummings, terá guardado gravações de áudio e um registo escrito das reuniões importantes, antes de deixar Downing Street em novembro de 2020.

Segundo a imprensa britânica, os comentários foram feitos aos gritos num escritório em Downing Street após uma reunião decisiva com os ministros – e não durante a reunião.

Este relato foi corroborado por uma fonte, em declarações ao jornal britânico The Guardian. Segundo o matutino, os comentários foram ouvidos por um pequeno número de pessoas fora do escritório de Boris.

Uma segunda fonte, que não ouviu os comentários diretamente, disse que houve “conversas” sobre eles em Downing Street no ano passado, embora a frase que a fonte se lembra fosse “chega de confinamento de m**** (…) não importa as consequências”.

A fonte disse ainda compreender que os comentários foram feitos em frustração e sublinhou que o primeiro-ministro prosseguiu com um terceiro confinamento em janeiro.

Michael Gove, o chanceler do ducado de Lancaster, defendeu o primeiro-ministro na Câmara dos Comuns esta segunda-feira. “Eu estava na reunião naquela tarde com o primeiro-ministro e outros ministros .. o primeiro-ministro tomou a decisão naquela reunião de desencadear um segundo confinamento, tomou a decisão subsequente de disparar um terceiro confinamento”, disse.

“Este é um primeiro-ministro que também esteve num hospital nos cuidados intensivos. A ideia de que diria tal coisa… acho incrível. Eu estava naquela sala, nunca ouvi uma linguagem desse tipo”.

Por sua vez, a vice-líder trabalhista, Angela Rayner, disse que Boris “degradou o cargo que ocupa com desleixo desenfreado e avassalador. Mas relembrar as mais de 127 mil mortes que aconteceram sob a sua supervisão e, em seguida, tentar encobrir isto é um novo ponto baixo. Isso agora deve acabar”.

O Partido Nacional Escocês disse que o primeiro-ministro deveria renunciar ao cargo se fosse provado que fez os comentários em causa.

Para os membros do grupo Covid-19 Bereaved Families for Justice, os supostos comentários foram “um soco no estômago para todos aqueles em luto”. Dezenas de famílias enlutadas recorreram às redes sociais para postar fotografias e memórias de entes queridos que perderam, dizendo que “não eram um corpo”.

A associação disse ainda que os “comentários insensíveis de Johnson terão causado danos incalculáveis ​​a milhares de nós”. “Esses corpos eram nossos entes queridos. Mães e pais, filhas e filhos, irmãos e irmãs, avós, maridos e esposas. Aqueles que perderam entes queridos já têm de lidar com a falta de dignidade que muitos dos seus entes queridos enfrentaram ao morrer”.

Boris e ministros seniores negam enfaticamente estes comentários.

Estas declarações surgem após Dominic Cummings ter acusado Boris Johnson de incompetência e questionado a sua integridade.

A BBC revelou uma troca de mensagens, na qual o industrial James Dyson solicitava a Boris, no início da pandemia, que “regulasse” o estatuto fiscal dos seus assalariados que deveriam vir ao Reino Unido fabricar os respiradores. Boris terá respondido “Vou tratar disso amanhã! Precisamos de vocês”.

Dominic Cummings mencionou também a intenção de Boris de fazer financiar os trabalhos do seu apartamento por financiadores privados.

Cummings sugeriu ainda o lançamento de um inquérito parlamentar urgente sobre a conduta do governo durante a pandemia e acusou Boris de ter tentado acabar com um inquérito interno sobre as fugas de informação relativas a uma decisão do governo de impor um novo confinamento porque iria colocar em causa um conselheiro próximo da sua noiva Carrie Symonds.

Maria Campos, ZAP //

3 Comments

  1. Qual é a polémica?? Expliquem lá o que é um confinamento de m****?? Não sei o que é m****… Não encontro isso no dicionário!! Mas mesmo assim, o que Boris disse é ambíguo. Se ele disse que o confinamento era uma m**** então talvez ele preferisse um confinamento a sério. Como é óbvio, as gravações não provam nada e aliás até podem ser crime, se foram obtidas de modo ilegal! Posso concluir que a notícia em nada fica atrás das palavras de Boris, é uma m****!!

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