A popularidade do primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, conseguida pelo sucesso da vacinação contra a covid-19, pode estar em causa devido às alegações de pedir dezenas de milhares de libras a financiadores do Partido Conservador para remodelar o apartamento onde vive com a noiva, Carrie Symonds, e o filho.
Segundo avançou no domingo o Público, Johnson está ainda a ser implicado em casos de ‘lobbying’, juntamente com ex-primeiro-ministro David Cameron.
Na quinta-feira, uma fonte anónima do Governo acusou o antigo conselheiro de Johnson, Dominic Cummings, de revelar as informações dadas aos jornais desde meados de abril. No dia seguinte, este escreveu no seu blogue que está a ser usado pelo Partido Trabalhista para fragilizar os conservadores nas eleições autárquicas marcadas para 06 de Maio.
“Eu disse-lhe que os planos dele para que fossem os financiadores [Partido Conservador] a pagar a remodelação [do apartamento] eram antiéticos, absurdos e possivelmente ilegais, e quase de certeza violavam as regras de transparência sobre financiamento político. Recusei-me a ajudá-lo a organizar esses pagamentos”, disse Cummings.
O Guardian indicou que figuras do Partido Conservador já esperavam o contra-ataque de Cummings quando este soubesse das acusações. “É óbvio que nunca viram o Exterminador Implacável”, disse um dos deputados conservadores ouvidos pelo jornal britânico.
“A primeira coisa em que pensei quando soube da explosão do Cummings foi ‘quem é que podia esperar uma reação destas?'”, indicou um antigo ministro de Johnson, também citado pelo Guardian sob anonimato. “A resposta é: toda a gente. Toda a gente lhe disse [a Johnson] que não o levasse para o Governo porque isto ia acabar assim. Agora, Cummings tem um ano e meio de segredos para divulgar quando lhe apetecer. Tudo isto era completamente evitável”, acrescentou.
A sondagem mais recente da Opinium para o Observer mostrou que 37% dos inquiridos descrevem Johnson como “completamente corrupto”, contra 16% que dizem o mesmo do líder da oposição, Keir Starmer. Ainda assim, a sondagem dá aos conservadores uma vantagem de 11 pontos sobre os trabalhistas.