Em fevereiro, um dos maiores departamentos governamentais da Austrália listou botas Ugg, chinelos e roupas desportivas, como camisolas de futebol, entre as peças de roupa consideradas demasiado casuais para o trabalho.
As regras do Departamento de Assuntos Internos, enviadas aos funcionários num código de “vestuário e aparência” de 11 páginas, aplicam-se até àqueles que trabalham em casa e fazem videochamadas.
Segundo o The Washington Post, que teve acesso ao documento, calções de qualquer tipo são considerados como traje de trabalho inadequado. Artigos de vestuário desportivo, incluindo fatos de treino, fatos desportivos e calções de ciclismo, juntamente com t-shirts, polos e tops, também foram etiquetados como inadequados para reuniões de negócios, seja pessoalmente ou online.
As regras incluem ainda roupas sem mangas – como vestidos e blusas femininas. Esta regra levou os sindicatos a acusar as autoridade de um golpe para com os trabalhadores que sobreviveram à pandemia sem ar condicionado nas suas casas.
“A nossa imagem pública é um componente crítico para manter o respeito do Governo australiano e da comunidade australiana e a sua confiança na nossa integridade e profissionalismo”, lê-se no documento.
No entanto, recorda o jornal, os líderes do país nem sempre são conhecidos pelas melhores escolhas de vestuário. O primeiro-ministro Scott Morrison, que trabalhou na sua residência oficial em Canberra em novembro, enquanto estava em quarentena após uma viagem ao exterior, foi fotografado com um fato de negócios da cintura para cima combinado com calções de banho e chinelos brancos.
Um dos seus antecessores, Tony Abbott, costumava ser visto em torno da Casa do Parlamento em calões de ciclismo e outras roupas desportivas.
Já John Howard, um dos líderes mais antigos da Austrália, usava um agasalho verde e dourado – as cores nacionais da Austrália – em caminhadas diárias, onde se misturava com oficiais e constituintes.
Esta quarta-feira, o Fair Work Australia, um tribunal independente do local de trabalho, determinou que o departamento deveria ter consultado os seus funcionários sobre as mudanças.
Brooke Muscat, a vice-presidente nacional do Sindicato da Comunidade e do Setor Público, que levou o caso ao tribunal, disse que descrever vestidos e blusas sem mangas como trajes de trabalho inadequados era uma “mudança ridícula de política”.
Segundo o sindicato, o texto tinha claras implicações de género e visava as mulheres.
O Departamento de Assuntos Internos disse esta quinta-feira que está a considerar a decisão do tribunal.
Este departamento emprega oficiais de alfândega e controlo de fronteiras, bem como pessoas em funções de escritório em imigração e cidadania. Cerca de 54% dos seus trabalhadores são mulheres.