Duas testemunhas no julgamento do homicídio de George Floyd defenderam que o homem negro morreu quando o ex-polícia de Minneapolis Derek Chauvin se ajoelhou no seu pescoço até que ele deixar de respirar.
“Floyd morreu de asfixia posicional, o que é uma forma elegante de dizer que morreu porque não tinha oxigénio no corpo”, disse Bill Smock, um especialista em medicina legal e médico em treino policial, citado pelo jornal britânico The Independent. “Quando o corpo é privado de oxigénio, neste caso devido à pressão no peito e nas costas, gradualmente sucumbiu a níveis cada vez mais baixos de oxigénio até morrer”.
Smok atacou o argumento da defesa, de que uma combinação de uso de drogas e problemas cardíacos matou Floyd, que argumentou ter sido reforçado pelas evidências na autópsia pela ausência de hematomas na garganta do homem.
“Este mito de que é preciso ter hematomas para provar estrangulamento, não, não tem. Pode ser estrangulado até à morte e não ter hematomas“, disse Smock, usando as mãos para demonstrar como alguém estrangulado pode não ter hematomas porque os membros são superfícies largas.
Smock testemunhou ainda que os polícias deveriam ter feito uma reanimação cardiorrespiratória a Floyd “imediatamente” em vez de quando uma ambulância chegasse.
“Assim que Floyd está inconsciente, deveria ter sido virado”, disse. “Temos documentação sobre o vídeo que o pol´ciia diz: Não consigo encontrar o pulso”.
No mesmo dia do julgamento, o especialista pulmonar Martin Tobin chegou a uma conclusão semelhante. “Floyd morreu por causa de um baixo nível de oxigénio”, disse. “É como se o lado esquerdo estivesse com defeito. Está a ser totalmente empurrado para dentro, espremido de cada lado”, acrescentou.
Tobin acrescentou que as pessoas que morrem de overdoses de fentanil começam a perder a consciência e têm um nível respiratório reduzido, enquanto Floyd continuou a respirar com dificuldade até desmaiar. “Uma pessoa saudável submetida ao que Floyd foi submetido teria morrido”, concluiu.
O médico chegou a pedir aos jurados que desabotoassem o colarinho das camisas e sentissem quão sensível é a hipofaringe. Segundo o pneumologista, foi esse o tecido que o polícia comprimiu com o joelho, aplicando uma pressão equivalente a 41,5 quilogramas no pescoço da vítima, travando o processo de respiração a partir da zona inferior da garganta.
Eric Nelson, advogado de defesa de Chauvin, argumentou que as evidências médicas apresentadas não descartam outra causa de morte e observou a excessiva “demanda no coração” que o uso de drogas, problemas cardíacos pré-existentes e uma luta física com os polícias podem produzir.
Porém, Smock argumentou que “não havia absolutamente nenhuma evidência na autópsia que sugerisse que George Floyd teve um ataque cardíaco”, porque não revelou sugestões de coágulo sanguíneo ou hemorragia.
A enxurrada de depoimentos médicos marca uma grande mudança no caso, que se concentrou principalmente no treino da força pela polícia até ao momento. Polícias de alto escalão de Minneapolis testemunharam que Chauvin passou os limites e não seguiu a política do departamento quando se ajoelhou no pescoço de Floyd.