Portugal quer voltar a permitir viagens sem restrições, mas isso não deverá acontecer antes de meados de maio, segundo a secretária de Estado do Turismo.
Num seminário online organizado pelo Parlamento Europeu, dedicado ao certificado verde digital, Rita Marques, secretária de Estado do Turismo, afirmou que Portugal espera poder voltar a permitir viagens sem restrições em breve, “mas isso não deve acontecer antes de meados de maio”, cita o jornal Público.
“Estamos focados em reabrir o país de forma sustentável, e devemos aprender com o que se passou no ano passado, e evitar os custos extras do pára-arranca das restrições”, explicou a governante.
A ideia é que estes certificados possam ser “tanto digitais com código QR, como em papel, gratuitos, válidos em todos os países, em inglês e na língua do país de origem, e seguros”, assegurou ainda no mesmo seminário Salla Saastamoinen, diretora-geral da Justiça e Consumidores da Comissão Europeia.
Como explicou a eurodeputada Cláudia Monteiro de Aguiar, este documento não é apenas um certificado de vacinação, pois também pretende dar livre passagem a quem tiver feito um teste de despistagem e a quem tiver estado infetado recentemente e, por isso, esteja ainda imune.
Empresários do Algarve anseiam por turistas
Tal como nota o mesmo diário, apesar de estarem a ser dados os primeiros passos no plano do desconfinamento e de estar a chegar a altura da Páscoa, que costuma ser propícia a férias, não parece haver repercussões no setor do turismo.
Em declarações ao Público, Elidérico Viegas, que entretanto se demitiu da presidência da Associação de Hotéis e Empreendedorismos Turísticos do Algarve (AHETA), disse que, “no ano passado, a procura turística na Páscoa foi zero e este ano será novamente zero“.
No final da semana passada, o responsável já tinha afirmado que “mais de 80% dos hotéis na região estão encerrados e aqueles que estão abertos não têm clientes”.
Os empresários do Algarve, antecipando mais um verão fraco face às restrições para conter a pandemia, temem que muitas empresas não consigam aguentar o inverno e abram falência.
Apesar de, para muitos, a imagem mais comum do Algarve continuar a ser o sol e a praia, são os campos de golfe que no final do inverno “abrem” a época turística da região, atraindo milhares de golfistas, sobretudo britânicos.
De há uns anos para cá este tem sido o motor que anima o tipicamente sazonal turismo algarvio durante a época baixa, mas a pandemia está a provocar um verdadeiro “desastre” no setor, já que os praticantes estão impedidos de jogar.
“No Algarve estamos muito mal, porque vive só do turista golfista, são muito poucos os residentes que jogam golfe na região. Só nos primeiros três meses de 2021 são mais de 300 mil voltas de golfe que não se jogaram. É um desastre”, lamenta o administrador do Grupo Pestana para o golfe.
Em declarações à agência Lusa, José Matias recorda que são já “duas épocas altas do golfe sem turistas”, uma vez que em outubro do ano passado, a outra altura do ano em que os campos de golfe ficam cheios no Algarve, “também houve confinamento”.
Os cinco campos de golfe que o grupo gere na região representam 60 mil voltas não realizadas em 2021, o que equivale a perdas de dois milhões de euros, sublinha o também presidente da associação Algarve Golfe.
“O nosso agosto é agora. A época alta do golfe é no inverno, estamos na nossa época altíssima”, realça, estranhando que, com os casos a baixar na região, a modalidade “não possa ser praticada”, como “já acontece na Madeira”.
“O golfe é jogado por pessoas individuais, em campo aberto, não divide nada com o outro jogador, nem a bola, nem os tacos de golfe. Por isso, não se compreende que nós estejamos fechados e outras atividades estejam abertas”, refere.
Muitos dos residentes dos empreendimentos de golfe são estrangeiros que compraram casa para praticar a modalidade e estão “fechados em casa”, apenas podendo fazer caminhadas nos campos, como é o caso de um residente holandês que se aproxima da reportagem da Lusa para perguntar a José Matias quando poderá jogar. Mas a resposta é vaga: “Talvez a depois da Páscoa”.
Aquele responsável revela que continuam a “receber e a reagendar reservas” de ingleses, irlandês, escoceses alemães e suecos, que estão “desejosos de vir jogar golfe para o Algarve”, sublinha.
“Situação muito crítica”
Mais perto do mar, o desalento é semelhante, com algumas empresas marítimo-turísticas em “situação muito crítica”, depois de um verão “muito curto”, sem o mercado britânico que lhe permitiria arrecadar receita para a “travessia no deserto” no inverno, aponta Carlos Viegas.
“Há empresas, neste momento, que estão com embarcações à venda, a passar dificuldades e os apoios também não são suficientes”, realça o empresário, que pertence à direção da Associação Portuguesa de Empresas de Congressos, Animação Turística e Eventos (APECATE).
A esperança agora é que o “passaporte da vacinação” possa permitir abrir os corredores aéreos e justificar a retoma da atividade, afirma, avisando que este verão “vai ser muito curto”.
Com as moratórias aos créditos a terminarem em setembro, Carlos Viegas receia que muitas empresas “não consigam aguentar” mais um inverno, depois de em 2020 apenas terem conseguiram começar a operar em julho.
Um outro empresário do setor relata à Lusa que “há muitas famílias” a viverem de seis meses de trabalho, mas que têm de fazer face aos custos quando “estão parados”, o que não se consegue com apenas “um mês ou um mês e meio de trabalho”.
No entanto, ainda tem alguma esperança para este verão: “O Reino Unido aqui para nós é o mundo, é tudo. Se abrirem [os corredores aéreos] e tivermos umas expectativas boas e nada de pandemias e confinamentos, eu penso que teremos um bom verão”, estima Pedro Gregório.
Já na área da restauração, o otimismo não reina e um passeio pelas ruas de Albufeira nos últimos dias de março revela uma cidade despida da habitual animação que muitos dos turistas britânicos trazem nesta altura do ano àquela que é apelidada de “a capital do turismo” no Algarve.
Na Praia da Oura, principal zona de animação da cidade, um dos bares de apoio de praia é alvo de manutenção, mas previsões para abertura, para já, “não há” e está tudo dependente da “abertura dos corredores aéreos”, diz à Lusa o proprietário.
“Estou a fazer manutenção. Não sei quando vou abrir e se não houver turismo não vale a pena abrir, porque no ano passado tive de pagar a 38 empregados durante três meses como se estivessem a trabalhar e eles em casa”, assume Jorge Brito.
O empresário revela que “nesta altura” – março e abril – as despedidas de solteiro de ingleses costumam ser uma “importante fonte de rendimento” e que chegavam a significar “mais lucro que em julho ou em agosto”.
Previsões para o verão não faz, já que na Praia da Oura, “90% da clientela é britânica”, e tudo depende da abertura, ou não, dos corredores aéreos com Portugal.
ZAP // Lusa
Maio?! A sério? Então vai acontecer um milagre e vamos conseguir vacinar toda a gente até lá… Não?… Ah… Mas será seguro fazer tal coisa? Mas claro que sim! Toda a gente sabe comportar-se! Todos respeitam o distanciamento social, (as pessoas até quase nem se vêm de tão distantes que ficam!) usam todos uma máscara (é que nem pensar em usá-las abaixo do nariz, só no queixo ou nem usá-las!) e estão sempre a lavar as mãos (ás vezes até há inundações de alcool gel!). Vai tudo correr bem e, os turistas que vierem a Portugal, não vão contribuir para o aumento dos casos de infeção, porque, nessa altura, haverá 0 infetados e 0 mortos e; porque os estrangeiros também sabem comportar-se!