A monitorização contínua de uma pluma de descarga subglacial permitiu aos cientistas obter uma compreensão mais profunda do ambiente do fiorde glaciar.
À medida que um glaciar derrete, a água doce interage com a água do mar para formar plumas de descarga subglacial ou fluxos de água convectiva.
Estas plumas são conhecidas por acelerar o derretimento e a fragmentação (ou parto) dos glaciares, impulsionar a circulação e a mistura de fiorde e criar focos de alimentação para pássaros. Atualmente, o conhecimento científico da dinâmica das plumas subglaciais, com base em medidas diretas, limita-se a instâncias isoladas.
Uma equipa de cientistas quis mudar este paradigma e foi pioneira num método de monitorização direto e contínuo da dinâmica da pluma.
De acordo com o EurekAlert, quando a água do degelo desce pelas fendas e emerge na base do glaciar, começa a ressurgir e causa a formação de plumas subglaciais. O fenómeno acontece porque a água doce e a água marinha têm densidades diferentes.
A pluma ascendente arrasta água rica em nutrientes e mais quente das profundezas que, por sua vez, derrete ainda mais o gelo do glaciar. À luz dos efeitos do aquecimento global e das mudanças climáticas, que causaram uma perda massiva no volume dos glaciares, entender como se comportam e evoluem as plumas é crucial.
Os investigadores acompanharam a pluma no glaciar Bowdoin (Kangerluarsuup Sermia), na Gronelândia. Vários sensores de subsuperfície gravaram dados oceanográficos na frente do parto e em diferentes profundidades. Outras observações foram realizadas por time-lapse, um sismómetro e veículos aéreos não tripulados.
Este conjunto de dados de alta resolução temporal foi posteriormente submetido a uma análise completa para identificar relações, padrões e tendências.
O estudo, publicado no dia 25 de março na Communications Earth & Environment, revela que a dinâmica da pluma e do fiorde glaciar é muito mais complexa do que se pensava.
Além de ser intermitente por natureza, é também influenciada por vários fatores, como mudanças repentinas de estratificação e drenagem de lagos marginais.
Os cientistas observaram a drenagem subglacial abrupta de um lago represado por gelo através da pluma, que teve um impacto pronunciado na sua dinâmica. A equipa também mostrou que as marés e o vento podem influenciar as plumas subglaciais.
Este trabalho é o primeiro passo para permitir que os cientistas façam a transição de uma visão instantânea de uma pluma para uma imagem continuamente atualizada.