Rumores de que André Ventura pode retirar a confiança política a deputados regionais pode deixar o Governo dos Açores em xeque. Se tal acontecer, o PAN “tudo fará para que este continue”.
Uma disputa de opiniões relativamente ao RSI gerou um conflito interno no Chega, que segundo informações avançadas pelo Observador, pode levar André Ventura a retirar confiança política a um dos dois deputados.
Em causa está uma publicação no Facebook do partido e na página pessoal do secretário-geral do Chega/Açores, José Pacheco, em que declarava que o Chega está “contra o aumento” do RSI na região autónoma. Ora, a publicação acabaria por ser eliminada e o presidente do Chega/Açores, Carlos Furtado, opôs-se à posição do partido.
Contactados pelo Expresso, os envolvidos dizem que o cenário de retirada de confiança política é “novidade pura” e “um disparate”.
“Mesmo que houvesse um desentendimento, são questões internas que devem ser resolvidas internamente e não na praça pública”, assegurou José Pacheco. “As fontes próximas não me dizem nada. Quando não se identificam, não têm credibilidade nem relevância”.
O Governo dos Açores é formado por uma coligação entre PSD, CDS e PPM, e sustentado por acordos de apoio parlamentar com os dois deputados do Chega e um do Iniciativa Liberal. Se um dos deputados do Chega perder a confiança política, a governação poderá ficar comprometida.
Se for este o caso, o deputado único do PAN-Açores, Pedro Neves, pode entrar em cena para socorrer o Governo de José Manuel Bolieiro.
“O PAN não substitui um partido como o Chega nem será flor de lapela de ninguém”, disse o deputado ao Expresso, afiançando que se houver uma moção de censura “para mandar abaixo o governo, sem dúvida que o PAN tudo fará para que este continue”.
“Ventura já demonstrou que não respeita a autonomia e que está a usar os Açores como um joguete para as suas agendas políticas continentais”, acusou Pedro Neves, que classifica os deputados regionais como “fantoches” e um “brinquedo novo” nas mãos de Ventura.
O deputado do PAN não tem dúvidas de que o Governo tem condições para continuar e que “os deputados regionais do Chega não decidem absolutamente nada”.