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O Parlamento é o “lugar certo”. Bacelar de Vasconcelos defende fim da eleição direta do Presidente da República

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António Cotrim / Lusa

Pedro Bacelar de Vasconcelos

O deputado socialista Pedro Bacelar de Vasconcelos defende uma revisão constitucional para que o Presidente da República deixe de ser eleito pelos eleitores, mas sim pelo Parlamento.

Num artigo de opinião publicado esta quinta-feira no Jornal de Notícias, o deputado do PS e professor de Direito Constitucional Pedro Bacelar Vasconcelos considera que a eleição direta do Presidente da República é “fonte permanente de todas as tentações messiânicas”.

Assim, Bacelar de Vasconcelos defende uma reforma do sistema político com reforço da “legitimidade democrática” dos deputados, pondo fim à eleição em listas fechadas. “Uma vez reforçada a legitimidade democrática dos deputados, é o Parlamento o lugar certo para a eleição do chefe de Estado”, escreveu o socialista.

Em declarações ao semanário Expresso, Bacelar de Vasconcelos, que apoiou a candidatura de Ana Gomes nas eleições presidenciais de janeiro, admitiu que é crítico do mandato de Marcelo Rebelo de Sousa, mas garante que sempre teve esta posição desde que começou a lecionar Direito Constitucional na década de 90.

Para Bacelar de Vasconcelos, é “tempo de devolver o sistema político à sua matriz parlamentarista”. O deputado recordou que, quando se fala da Alemanha, fala-se da chanceler Angela Merkel – e “não é por falta de bons Presidentes”.

“Um Presidente eleito pelo Parlamento tem toda a dignidade institucional, mas será uma figura que emana da Assembleia da República. A sua legitimidade não se pode opor a todas as forças políticas que o elegeram”, afirmou.

Sobre Marcelo Rebelo de Sousa, o deputado disse que “o Presidente não é responsável pelos fracassos políticos na gestão da covid-19, porque o poder executivo e a responsabilidade de governação não lhe pertence, ainda que tenha assumido ser o principal responsável”.

“Há um abuso de poder por parte do Presidente da República que é inconstitucional. A pandemia é só a situação mais flagrante. A perfeita sintonia com o primeiro-ministro é perversa, porque o chefe de Estado tem uma legitimidade democrática distinta da do Governo”, disse.

Maria Campos, ZAP //

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