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EUA extraditam pai e filho acusados de ajudar Ghosn a fugir do Japão

Dois norte-americanos, pai e filho, procurados por ajudar o ex-presidente da Nissan, Carlos Ghosn, a escapar do Japão numa caixa, foram entregues à custódia japonesa esta segunda-feira.

De acordo com o jornal britânico The Guardian, Michael Taylor e o seu filho, Peter Taylor, não conseguiram convencer as autoridades e tribunais dos Estados Unidos a bloquearem a extradição para o Japão, onde serão julgados sob a acusação de ajudar Ghosn a fugir do país em 2019, enquanto aguardava julgamento por má conduta financeira.

Os homens de Massachusetts, detidos numa prisão suburbana de Boston desde maio, foram entregues na manhã de segunda-feira, disse um dos seus advogados, Paul Kelly.

Os seus advogados argumentaram que as acusações não se enquadram na lei sob a qual o Japão quer julgá-los e que serão tratados injustamente e submetidos a “tortura física e mental”. Além disso, acusaram o Japão de perseguir a dupla na tentativa de se “salvar” após o constrangimento da fuga de Ghosn.

Michael Taylor, um veterano das forças especiais do exército dos Estados Unidos, nunca negou as acusações. Em entrevista à Vanity Fair no ano passado, descreveu a missão em detalhes. Quando questionado sobre por que o fez, respondeu com o lema das forças especiais: “De oppresso liber” ou “libertar os oprimidos”.

Por outro lado, insistiu que o filho não estava envolvido e nem estava no Japão quando Ghosn fugiu.

Numa entrevista à AP, Michael Taylor implorou a Joe Biden para intervir e disse que se sentiam traído porque os Estados Unidos tentariam entregá-lo ao Japão. Porém, o governo Biden recusou-se a bloquear a extradição.

 

Segundo a acusação, no dia da fuga, Michael Taylor voou para Osaka num jato fretado com outro homem, George-Antoine Zayek, com duas grandes caixas pretas e fingindo ser músicos com equipamento de áudio. Ghosn dirigiu-se ao Grand Hyatt em Tóquio e encontrou-se com Peter Taylor.

Michael Taylor e Zayek encontraram os outros dois no Grand Hyatt e depois separaram-se. Peter Taylor apanhou um voo para a China, enquanto os outros embarcaram num comboio e voltaram para outro hotel perto do aeroporto, onde Taylor e Zayek tinham reservado um quarto. Todos entraram, mas Ghosn nunca foi visto a sair.

As autoridades dizem que Ghosn estava dentro de uma das grandes caixas pretas. No aeroporto, as caixas passaram por um posto de controlo de segurança e foram levadas num jato particular com destino à Turquia.

A notícia da fuga de Carlos Ghosn apanhou de surpresa as autoridades nipónicas. Os serviços de estrangeiros e fronteiras não tinham qualquer informação sobre a saída de Ghosn.

Ghosn terá entrado no Líbano com um passaporte francês. O objetivo da fuga seria encontrar um ambiente jurídico mais favorável para Ghosn. O Líbano tinha iniciado contactos com o governo japonês para que o gestor fosse julgado em Beirute.

O Líbano recebeu um mandado internacional da Interpol para a detenção do ex-presidente da Renault-Nissan. As autoridades turcas já detiveram e colocaram sob custódia sete pessoas, incluindo quatro pilotos, todos suspeitos de ajudar Ghosn a fugir do Japão para o Líbano.

Maria Campos, ZAP //

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