De uma forma geral, o balanço da primeira semana de ensino à distância (e@d) é positivo, apesar de professores e alunos enfrentarem ainda muitas dificuldades.
Ao Diário de Notícias, a educadora de infância Elisabete Ferro fez um balanço positivo da primeira semana do ensino à distância, mas salientou que é “muito redutor do trabalho que realizamos no dia-a-dia, presencialmente”.
“Nesta semana os pais aderiram muito bem ao ensino à distância. As crianças surpreenderam-me, positivamente, na forma como se comportaram em frente ao ecrã. Muito concentrados e participativos, demonstraram maturidade nas suas atitudes”, contou ao diário.
As dificuldades sentidas prendem-se com a utilização de plataformas digitais, como o Teams. “No confinamento anterior não utilizamos nenhuma plataforma digital, o contacto com os pais era através do e-mail. Não estávamos preparados para a situação com que nos deparamos e não investimos nessa forma de ensino”, revelou.
Já Cátia Valente, professora de espanhol do 3.º ciclo e secundário no Agrupamento de Escolas do Castêlo da Maia, encontrou algumas diferenças neste período de e@d, em comparação a março do ano passado.
“O balanço é francamente positivo. Os alunos usam mais facilmente as plataformas adotadas pela escola, estão mais participativos e mais autónomos na realização das tarefas propostas”, explicou, acrescentando ter agora mais alunos com computadores. “Contudo, continuamos a ter muitos meninos que assistem às aulas com o seu telemóvel, o que torna o seu trabalho muito mais difícil.”
O calcanhar de Aquiles neste sistema é o ensino a alunos de Educação Inclusiva, uma vez que “precisam de um acompanhamento constante do professor, presencial”. “Para estes casos, os professores de Educação Especial procuram ser a ponte com a família, indo muitas vezes a casa das famílias”, disse.
A pausa letiva feita antes do arranque do ensino remoto mereceu duras críticas por parte de Daniel Ribeiro, professor de Física e Química, no Colégio Júlio Dinis, no Porto. O docente disse ao DN que a pausa não programada foi “prejudicial”.
“O arranque de um modelo de ensino diferenciado já é, por si só, bastante difícil. Quando acrescentamos a isso uma pausa imprevisível, deitamos por terra boa parte da aprendizagem do início do segundo período. Os momentos de consolidação que estavam previstos na planificação para aquele que veio a ser o período de pausa, foram totalmente inviabilizados”, justificou.
O professor apontou ainda a “medíocre velocidade de funcionamento das plataformas digitais” como uma adversidade. Segundo Daniel Ribeiro, as editoras “têm uma grande quota-parte de responsabilidade neste respeito, pois publicitam uma liberalização do acesso às suas plataformas digitais, porém, não possuem infraestrutura para o conseguirem suportar”.
“Professores e escolas sem perspetivas de receberem computadores”
Filinto Lima, presidente da Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas (ANDAEP), disse ao Jornal Económico que não existem perspetivas de reforço de computadores para professores ou nas escolas.
“O ministério devia dar indícios de distribuição de computadores para professores e escolas. Somos mais de 100 mil professores, nem um teve a título de empréstimo facultado pelo Ministério da Educação”, disse. “Se o professor não tem direito a uma cedência temporária é desmotivador para algumas pessoas.”
De acordo com o presidente da ANDAEP, tanto professores como alunos reforçaram “as competências digitais” e recorrem “cada vez mais ao digital”, mas, à chegada às escolas, “os computadores são os mesmos, não são melhores”.
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