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O céu, o inferno e o “pesadelo depois do Natal”. Portugal em destaque no El País

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Mário Cruz / Lusa

Dezenas de ambulâncias com pacientes aguardam no exterior do Hospital de Santa Maria em Lisboa para deixar os doentes na urgência hospitalar.

A pandemia em Portugal está em destaque no jornal espanhol El País, que apontou o relaxamento das medidas no Natal como o principal culpado do agravamento da situação.

Portugal continua a fazer correr muita tinta pela imprensa estrangeira, mas não pelas melhores razões. Os efeitos devastadores da pandemia de covid-19 em Portugal já foram destacados em várias publicações, desde a CNN ao New York Times. Um especialista britânico também pintou um retrato da situação que Portugal atravessa, explicando por que estamos a ser atingidos tão brutalmente por este inimigo invisível.

Agora é a vez do El País, em Espanha, destacar os efeitos da pandemia cá, num artigo intitulado “Portugal, pesadelo depois do Natal”. Como o próprio nome indica, o El País também considera que as festividades natalícias provocaram o descalabro no controlo do novo coronavírus.

“O país que deu o exemplo na luta contra o vírus está na vanguarda mundial em vítimas depois de festividades quase sem restrições”, lê-se no artigo.

O jornal espanhol esteve junto à fronteira, em Vila Nova de Cerveira, onde visitou um lar que inicialmente conseguiu não registar nenhuma infeção e, agora, todos os seus utentes e funcionários infetados.

“A palavra ‘milagre’ foi a pior que podíamos usar porque foi alcançada com trabalho”, disse Aurora Viães, vereadora da Câmara Municipal de Vila Nova de Cerveira.

“Os dados são pavorosos”, escreve a jornalista espanhola Sonia Vizoso. Metade das mortes por covid-19 em Portugal ocorreu em janeiro e a incidência por 100 mil habitantes em 14 dias atinge números sem precedentes: 1.438. No que toca ao número de mortes por 100 mil habitantes, Portugal também é o indesejado líder a nível mundial.

As poucas restrições no Natal são apontadas como o principal erro que levou a este panorama. “Salvar o Natal foi um grande erro; sabíamos, mas não esperávamos que fosse desta magnitude”, confessa Ricardo Mexia, presidente da Associação Nacional de Médicos de Saúde Pública.

Portugal contabilizou, este sábado, mais 214 mortes e 6.132 casos positivos de covid-19 nas últimas 24 horas, de acordo com o boletim epidemiológico da Direção-Geral da Saúde (DGS).

Daniel Costa, ZAP //

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