A variante britânica do novo coronavírus está a espalhar-se no Reino Unido e não só. Em Portugal, poderá ser responsável por 50% das infeções na zona de Lisboa e Vale do Tejo e, segundo cientistas, aparenta estar a sofrer uma nova mutação.
Vários testes em algumas amostras mostram a mutação – a que foi dado o nome de E484K – já detetada na estirpe da África do Sul e do Brasil. Para já, os especialistas britânicos encontraram apenas alguns casos, cerca de uma dezena.
Os investigadores, que se mostram preocupados com as novas mutações, sugerem que estas alterações podem afetar a eficácia da vacina. Contudo, acreditam que as vacinas que estão a ser usadas atualmente devem funcionar.
No Reino Unido as medidas de controlo já foram apertadas para evitar a transmissão da nova variante e de outras, como a sul-africana, que levou a uma campanha massiva de testagem em alguns bairros de Londres e outras zonas de Inglaterra. Foram ainda introduzidas restrições à entrada no país, medidas que afetam também as ligações entre Portugal e o Reino Unido.
Em 214.159 amostras analisadas, os especialistas da Public Health England (instituto de saúde inglês) encontraram 11 casos da variante britânica com a mutação E484K.
Embora estejam preocupados, os cientistas não ficam surpreendidos com estes resultados, uma vez que todos os vírus sofrem mutações.
É “um desenvolvimento preocupante, embora não totalmente inesperado”, refere Julian Tang, especialista em vírus da Universidade de Leicester, em declarações à BBC.
A epidemiologista defende que é necessário que continuem a ser observadas as medidas sanitárias para travar a disseminação do vírus, de modo a reduzir as mutações.
Tang instou a população a respeitar as restrições vigentes para travar a pandemia, uma vez que “os vírus não apenas se propagam, como também evoluem” para se adaptarem ao meio envolvente.
“Caso contrário, o vírus não só pode continuar a espalhar-se, como também pode evoluir”, alerta Tang.
Segundo a BBC, alguns estudos sugerem que a mutação E484K pode ajudar o vírus a escapar da ação dos anticorpos. A Moderna é uma das farmacêuticas que indicou, no entanto, que os resultados mostram que o seu fármaco ainda é eficaz contra as variantes com esta mutação.
De acordo com a agência de notícias espanhola (Efe), o académico junta-se a outros especialistas que alertam que a propagação desta mutação dentro da variante detetada no Reino Unido pode ter um efeito negativo sobre a eficácia das vacinas, como acontece com as variantes detetadas no Brasil e na África do Sul, ainda que as atuais vacinas consigam oferecer um certo nível de proteção.
Caso seja necessário, as farmacêuticas podem reajustar o processo de desenvolvimento das vacinas, tendo em conta esta nova realidade.
Várias localidades inglesas começam a fazer análises ao domicílio para detetar e isolar casos positivos da variante com origem na África do Sul, face aos indícios de que se estará a espalhar entre a população do Reino Unido.
O governo conservador britânico confirmou na segunda-feira esta iniciativa, depois de se terem detetado, em diferentes pontos do país, os primeiros casos dessa variante que não estão relacionados diretamente com viagens à África do Sul ou a outros casos positivos conhecidos.
Ana Moura, ZAP // Lusa
Coronavírus / Covid-19
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