A vacinação nos lares de idosos arranca esta segunda-feira em Portugal continental, em Mação, Santarém, com mais de 100 pessoas de duas instituições a receberem a vacina, segundo o Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social (MTSSS).
Os utentes e funcionários da Casa de Idosos de São José das Matas (51 pessoas) e da Santa Casa da Misericórdia de Cardigos (61 pessoas) serão os primeiros a receber as vacinas contra a covid-19, no âmbito da vacinação em lares de idosos.
A ministra Ana Mendes Godinho, acompanhada da secretária de Estado da Ação Social, Rita Mendes, do secretário de Estado da Saúde, Diogo Serras Lopes, e do secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares e coordenador da região de Lisboa e Vale do Tejo, Duarte Cordeiro, vão marcar presença no arranque da vacinação, agendada para as 15h, na Casa de Idosos de São José das Matas.
Às 16h, a vacinação prossegue no lar da Santa Casa da Misericórdia de Cardigos.
Nos Açores, a administração de vacinas em lares de idosos teve início na semana passada e na Madeira começa também esta segunda-feira.
Depois de se ter iniciado o processo no dia 27 de dezembro com a administração da primeira dose da vacina da Pfizer-BioNTech a profissionais de saúde, a ministra da Saúde, Marta Temido, tinha assegurado que a primeira fase da campanha de vacinação iria alargar-se aos lares situados nos 25 concelhos em risco extremo de incidência da covid-19, de acordo com os dados mais recentes da Direção-Geral da Saúde (DGS).
“Está prevista a entrega de vacinas da Pfizer na semana que começa a 4 de janeiro [hoje]. Nesse momento, iremos prosseguir a vacinação dos profissionais de saúde, mas também iremos avançar na vacinação em estruturas residenciais para idosos. O critério de início desta vacinação é relacionado com os concelhos onde há maior incidência de covid-19”, afirmou a governante, numa conferência de imprensa realizada na passada terça-feira.
Em causa estão os municípios com uma taxa de incidência superior a 980 casos por 100 mil habitantes nos últimos 14 dias, numa lista que deverá ser novamente atualizada hoje pela DGS.
De acordo com Marta Temido, 11 concelhos estão integrados na Administração Regional de Saúde (ARS) do Norte, oito na ARS do Alentejo, cinco na ARS do Centro e um na ARS de Lisboa e Vale do Tejo, explicando ainda que “são cerca de 150 estruturas residenciais para idosos e da rede de cuidados continuados” que vão ser abrangidas nesta nova etapa.
Para a próxima semana está já prevista a extensão da vacinação em lares de idosos dos outros concelhos.
Portugal recebeu até ao momento 79.950 doses da primeira vacina aprovada pela Agência Europeia do Medicamento (EMA) e pela Organização Mundial de Saúde (OMS) contra o novo coronavírus. Para as próximas quatro semanas são esperadas outras remessas de dimensão similar da Pfizer, sendo que o calendário da primeira fase de vacinação deve prolongar-se até ao mês de abril.
Misericórdias preocupadas com aumento de casos
Esta operação de vacinação começa um dia depois de a União das Misericórdias Portuguesas (UMP) e da Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade Social (CNIS) terem manifestado a sua preocupação com o aumento nos últimos dias de surtos em lares de idosos.
O presidente da União das Misericórdias Portuguesas (UMP), Manuel Lemos, assinalou este domingo um crescendo de casos de covid-19 em funcionários dos lares de idosos, pedindo cuidados redobrados.
“Os surtos são muito significativos, um bocadinho o que era esperado, mas com o crescendo a situar-se mais nos funcionários do que nos utentes“, disse Manuel Lemos, quando questionado sobre o quadro pandémico nos lares após o alívio das restrições de contactos sociais na quadra natalícia.
Prometendo números globais para sexta-feira, o dirigente adiantou os casos específicos de duas instituições, uma delas gerida diretamente pela UMP, onde a relação de infetados é de um utente para cinco funcionários, num dos casos, e de um para oito, no outro. “Estamos perto da meta”, a imunização pela vacina, “pelo que não podemos deixar cair todas as precauções e devemos até reforçá-las”, apelou o dirigente da estrutura que agrupa lares para 37 mil utentes e onde já se registaram cerca de 600 óbitos.
“Pedimos que se controlem. Se tiverem dúvidas não vão às instituições. Na dúvida, peçam testes”, acrescentou.
O apelo para “não baixar a guarda” foi subscrito pelo presidente da Confederação Nacional da Instituições de Solidariedade (CNIS), padre Lino Maia, que sublinhou a expectativa que deposita no processo de vacinação. “Não é a resolução de todos os problemas mas é uma janela de esperança”, assinalou o sacerdote católico.
Segundo Lino Maia, os últimos dias foram marcados nos lares de instituições associados à CNIS pela estabilização dos contágios. “Não tem havido grandes alterações. O que era problemático, mantém-se”, disse o líder da CNIS, que agrupa quase 900 instituições responsáveis pelo acolhimento de 45 mil idosos.
Diversos surtos foram registados após o Natal em lares de idosos, como no da Santa Casa da Misericórdia de Meda, que atingiu 65 utentes e 26 funcionários. Já em Vila do Conde, Porto, um surto de infeções no lar da Ordem Terceira de S. Francisco matou cinco idosos, além de infetar 87 outras pessoas, entre utentes e funcionários.
O registo dos últimos casos inclui, entre outros, um surto de coronavírus no lar Palácio D’El Rei, no concelho de Óbidos, que infetou 34 utentes e nove funcionários e provocou a morte de dois idosos.
ZAP // Lusa
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